O desafio de integrar tecnologia áudio em mobiliário motivou Pedro Meireles a criar a Horizon 47, marca portuguesa que produz e comercializa Moon, um cadeirão apresentado em Abril no Brera Design District, em Milão. A peça de mobiliário tem um sistema "inovador" de som incorporado que proporciona ao utilizador uma experiência imersiva através da indução de vibração e está na final da edição 2018 do Prémio Nacional das Indústrias Criativas (PNIC).
Licenciado em Engenharia Civil e com especialização na área da acústica, Pedro Meireles começou a pensar neste projecto há três anos quando, em casa de um amigo, conheceu pela primeira vez a combinação de mobiliário com tecnologia áudio convencional e colunas vibratórias. A ideia não lhe saiu da cabeça e chegou à conclusão de que uma poltrona seria a peça com mais potencial para adaptar o sistema, tanto "pela experiência que poderia causar como pela vasta aplicabilidade do produto".
O passo seguinte foi criar uma peça esteticamente apelativa e que mantivesse a comodidade, mas que permitisse ocultar o sistema de som high-tech, sem botões ou fios à vista. E assim nasceu Moon, um cadeirão capaz de oferecer uma experiência acústica "intensa" e fora daquilo a que estamos habituados, na medida em que incorpora um sistema de som localizado — no assento, ao nível da cabeça e no casco — que produz vibração. Ao mesmo tempo, reproduz discretamente música ambiente, algo que os outros produtos no mercado não faziam, segundo o director executivo da startup. Através de Bluetooth ou Wi-Fi é ainda possível associar à Moon dispositivos móveis e smart TV, bem como sincronizar várias poltronas. Nas palavras do empresário, que integrou a equipa inglesa responsável pelo desenvolvimento do sistema eléctrico e acústico, Moon é, para além de um produto tecnológico, "uma peça de conforto".
O empresário de Paços de Ferreira — onde a “Moon” é produzida — diz ter ido buscar inspiração à primeira viagem à Lua para construir o conceito à volta da marca: "Da mesma forma que, nessa altura, o ser humano foi pioneiro, os nossos clientes — que até apelidamos de 'pioneiros' — gostam de ter produtos especiais, vanguardistas e inovadores." A empresa propõe-se a "ultrapassar os limites" e "ir além do que é conhecido" — e daí a escolha de horizon para o nome. O número 47 é "simbólico" e está presente na ciência, na matemática, na astronomia e na cultura popular e, por isso, Pedro Meireles achou que o conjunto transmitia os valores da marca e "podia funcionar muito bem".
Pedro, de 29 anos, tem tido um feedback "muito positivo". As pessoas, diz, ficam "extremamente surpreendidas" com a "experiência da vibração". Já o preço da poltrona, admite, "será sempre focado no mercado de luxo". De momento ronda os 20 mil euros, mas a Horizon 47 — que já tem alguns investidores interessados — está a tentar optimizar custos e o processo produtivo para conseguir praticar um preço mais competitivo.
A Horizon 47 concorre ao PNIC na categoria de arquitectura e artes visuais, juntamente com outros nove finalistas: FUTOU, MOOT — The Movement Lab, Móvel ao Quadrado, Sugo Cork Rugs, Guava Shoes, Quarteto Comtratempus, Glymt, Inygon, Luggage Driver. O primeiro, o segundo e o terceiro classificados recebem prémios de 15 mil, 7000 e 3000 euros, respectivamente. O vencedor vai representar Portugal na Creative Business Cup, em Copenhaga, na Dinamarca.