A poltrona "Becomes me", da marca portuguesa Munna, recebeu o Prémio Internacional de Design e Arquitectura 2012, na categoria de Melhor Cadeira. Com curvas e contra-curvas, a poltrona acompanha a curvatura das costas, dando "a sensação de que a peça abraça a pessoa", explica Paula Sousa, fundadora e directora da Munna. Assim, a cadeira, desenhada por Mónica Santos, designa-se "Becomes me" porque, "quando alguém se senta, parece que a peça e a pessoa se tornam uma só".
Feita artesanalmente, como toda a colecção Fetiche, da qual faz parte, "Becomes me" é "um novo clássico". "A Munna está assente na reinterpretação da forma de viver do passado e das correntes artísticas do passado”, refere a responsável, acrescentando que procuram dar um toque contemporâneo aos objectos.
Essa filosofia aplicada ao design foi, agora, distinguida nos Prémios Internacionais de Design e Arquitectura 2012, onde a poltrona esteve presente, juntamente com outro produto da marca, o sofá "Josefine". O evento, que decorreu na sexta-feira, 28 de Setembro, em Londres, distinguiu o melhor do design de interiores, da arquitetura e da inovação a nível mundial. Mais de 50 projectos vindos dos quatros cantos do mundo estiveram a concurso e "Becomes me" foi eleita na categoria de Melhor Cadeira.
Inicialmente, foi feita uma pré-selecção dos produtos em competição. Depois, o vencedor foi eleito por um júri composto por profissionais do design e por consumidores finais. “Para nós, é óptimo que sejamos reconhecidos por pessoas da área”, afirma a responsável.
Reconhecimento do design português
A Munna também já tinha participado neste evento em 2011, chegando a passar a fase da pré-selecção. Para Paula Sousa, o prémio agora conquistado é importante porque é um reconhecimento internacional da marca. Mas a responsável acrescenta: “também é muito bom para Portugal porque reconhece uma peça do design português como sendo uma das melhores”.
A directora acredita que prémios como este podem alterar o valor que se dá ao design a nível nacional. “Nós temos de começar a perceber que a riqueza de um país não está só no turismo e na tecnologia, também está nas indústrias criativas”, defende. “Todos os países que são ricos apostam muito nas indústrias criativas e no design, e em Portugal nem sequer se questiona isso”, lamenta.
Assim, Paula Sousa considera que o triunfo nos Prémios Internacionais de Design e Arquitectura 2012 é uma tripla vitória: para a marca, para o design português e “também acaba por ser uma esperança, porque é possível fazermos crescer o país trabalhando nestas áreas”.
A marca de mobiliário da fábrica de Matosinhos surgiu, em 2008, com um nome que significa “magia” e “poder” em árabe. Segundo a responsável, a Munna tem crescido, esperando aumentar o volume de negócios em 20% em 2012. Contudo, isso só é possível graças à forte aposta no mercado externo. “Há bons projectos em Portugal, mas são poucos”, afirma Paula Sousa, referindo que, este ano, a empresa vendeu “seis ou sete cadeiras” no país. Já a exportação tem um peso de 90% nas vendas da marca portuguesa.
Aliás, as peças da Munna já chegaram ao Four Seasons, no Azerbeijão, e o London May Fair, no Reino Unido, por exemplo. E também o vocalista dos Talking Heads, David Byrne, já se sentou num destes sofás “mágicos” de nacionalidade portuguesa.