Já de malas feitas, Susana Godinho parte esta semana para Nova Iorque, onde vai apresentar a Sugo Cork Rugs na Feira Internacional de Mobiliário Contemporâneo. A marca, que em 2017 lançou o primeiro tapete de cortiça produzido em tear industrial, é uma das 10 finalistas do Prémio Nacional Indústrias Criativas (PNIC). A preocupação com o ambiente e com o uso sustentável de recursos, combinada com técnicas de tapeçaria tradicionais, foi o pontapé de saída para a criação de um tapete funcional e ecológico.
Com 18 anos de experiência em têxtil e moda, Susana Godinho sentiu em 2012 a necessidade de experimentar uma matéria-prima diferente e viu na cortiça a oportunidade de desenvolver um produto inovador, tecendo um tapete de cortiça conjugado com outros materiais, como o algodão e a lã. Porque se tratavam de teares manuais, era essencial utilizar uma cortiça que fosse resistente ao processo de fabrico e surgiu a necessidade de investimento, por isso, "a ideia ficou na gaveta".
Até que, em 2014, se juntou o útil ao agradável quando a Corticeira Amorim lançou o concurso Amorim Cork Ventures, que oferecia um milhão de euros para apoiar projectos de novas aplicações para o sector da cortiça. "Como já tinha o projecto e os protótipos, enviei um e-mail com a memória descritiva do produto e as suas vantagens", conta Susana Godinho, de 41 anos. No dia seguinte, a empresária estava reunida com Paulo Bessa, o director da Amorim Cork Ventures.
Juntamente com outros empreendedores seleccionados, Susana Godinho fez parte da primeira "fornada" de negócios a ser acolhida pela Amorim Cork Ventures. Seguiu-se um período de incubação que permitiu o desenvolvimento do modelo de negócios e, em 2015, a empresária convidou a amiga e gestora Sónia Andrade a integrar o projecto, fundando a startup TD Cork. Foi preciso montar uma fábrica, investir nos equipamentos de produção, fazer o planeamento do mercado, mas, finalmente, em Janeiro de 2017, avançaram para o mercado com a marca Sugo Cork Rugs.
Impermeável, antialérgica e suave: isto é a cortiça
Além da cortiça, os tapetes da Sugo Cork Rugs são feitos a partir de lã nacional e algodão recuperado de grandes produções industriais, congregando num único produto duas indústrias tipicamente reconhecidas em Portugal: a cortiça e a tecelagem. A cortiça é trabalhada no tom natural e são as restantes matérias (para já, o algodão e a lã) que dão a cor ao tapete. Mas Susana Godinho confidencia ter a ideia de introduzir outros materiais.
Há um ano no mercado, Susana Godinho tem vindo a apostar em feiras internacionais de design e mobiliário de luxo e sente que os mercados estão interessados nos tapetes da sua marca. A empresária justifica que, "neste produto, existe uma necessidade de toque e de visualização, porque é introduzido um material novo que as pessoas não estão habituadas a ver nos têxteis ou num tapete".
"Perguntam-me várias vezes se o tapete pode ser lavado ou se é resistente. Devemos olhar para o tapete como um tapete normal de algodão ou lã", explica Susana Godinho. A cortiça não traz nenhuma desvantagem ao nível da manutenção. Pelo contrário: não absorve poeiras nem humidade, é impermeável, suave e flexível, minimiza o risco de alergias e tem mais isolamento térmico e acústico.
Os tapetes da Sugo Cork Rugs são produzidos em Paços Brandão, Santa Maria da Feira, e até ao momento existem 13 modelos, que vão dos 200 aos 500 euros por metro quadrado, mas o cliente também pode optar por personalizar o seu tapete. A Sugo Cork Rugs concorre ao PNIC na categoria de arquitectura e artes visuais, juntamente com outros nove finalistas: FUTOU, MOOT — The Movement Lab, Móvel ao Quadrado, Horizon 47, Guava Shoes, Quarteto Comtratempus, Glymt, Inygon, Luggage Driver. O primeiro, o segundo e o terceiro classificado recebem prémios de 15 mil, 7000 e 3000 euros, respectivamente. O vencedor vai representar Portugal na Creative Business Cup, em Copenhaga, na Dinamarca.