"Terra Maronesa" quer viabilizar a vida nas aldeias da montanha

Projecto foi apresentado em Ribeira de Pena. O objectivo é usar esta espécie autóctone como motor económico e ambiental para fixar jovens, atrair turistas e prevenir incêndios.

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Paulo Ricca

O projecto "Terra Maronesa" foi apresentado esta quinta-feira em Ribeira de Pena, para ajudar a viabilizar a vida na montanha, usando esta espécie autóctone como motor económico e ambiental para fixar jovens, atrair turistas e prevenir incêndios.

Avelino Rego, de 34 anos, encaminhou as vacas maronesas para um lameiro da aldeia de Lamas, em Alvadia, concelho de Ribeira de Pena, mesmo no alto da serra do Alvão. Entre o verde dos pastos e o cinzento do granito, foi apresentado o projecto que quer ajudar a combater o despovoamento deste território. "Terra Maronesa" quer ser uma marca chapéu para a promoção desta espécie autóctone que é motor da economia e ajuda o ambiente, pastando os matos, os chamados combustíveis finos, e, assim, prevenindo os incêndios.

Avelino Rego fez da produção pecuária uma forma de vida. Nasceu em Alvadia, foi estudar engenharia informática para Braga, está a tirar mestrado em engenharia florestal na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), mas é na aldeia que quer viver e trabalhar. Aos jornalistas explicou que, através do projecto agora lançado, se quer incentivar novos produtores a fixarem-se na região, aliando as formas ancestrais de maneio dos animais e das terras com novas técnicas para dar resposta às novas solicitações do mercado. "Temos de viabilizar a vida na montanha", afirmou António José Moutinho, produtor de 60 anos, residente no concelho de Vila Pouca de Aguiar e que "sempre esteve ligado às vacas". Na sua opinião é preciso "promover este animal e ganhar dinheiro porque, de outra forma, ninguém sobrevive nestes territórios".

Duarte Marques, da associação Aguiarfloresta, explicou que o projecto surgiu da identificação de um problema e de uma oportunidade. "O problema é a dificuldade em ter rentabilidade económica neste território, a oportunidade são as valências deste animal, que tem uma componente económica importante, uma carne excepcional e que, para além disso, faz um trabalho invisível, mas que é extremamente importante para o território, que é a paisagem", salientou.

O objectivo é ainda usar a paisagem e a vaca que "gere o monte" como factor de atracção turística.

No âmbito do projecto, vai ser realizado a 1 e 2 de Junho, em Vila Pouca de Aguiar, o seminário "Pastagens, vacas, lobos e homens", que alia uma parte científica e de investigação com visitas aos lameiros e aos lugares de pastoreio.

Segundo Paula Teixeira, da Associação de Criadores do Maronês, actualmente existem 4100 animais de raça maronesa em linha pura, com cerca de reprodutores, distribuídos por 990 criadores e 24 concelhos. A maior parte dos animais concentra-se em quatro concelhos: Ribeira de Pena, Vila Pouca de Aguiar, Vila Real e Mondim de Basto.

O projecto está a ser trabalhado em conjunto entre o Instituto Politécnico de Bragança (IPB), Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), Associação de Criadores do Maronês e ATCoop - Alto Tâmega Cooperativo.