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O meu balanço desta época, escrito há um ano

Depois dos festejos de uns e das lágrimas de outros, todos vão fazer algum tipo de reflexão sobre o que se passou nesta época. Os árbitros e a estrutura da arbitragem não são excepção.

Terminou a Liga 2017-18. Depois dos festejos de uns e das lágrimas de outros, todos vão fazer algum tipo de reflexão sobre o que se passou nesta época. Os árbitros e a estrutura da arbitragem não são excepção e irão, seguramente, fazê-lo.

Eu? Eu fiz o balanço da época que terminou há um ano. Dia 30 de Maio de 2017 arrisquei escrever o seguinte:

Terminou a época 2017-18. A época de estreia do videoárbitro na competição máxima do futebol português.

Foi uma época em tudo igual às outras: alguns excelentes jogos de futebol, fantásticos jogadores, grandes golos, despedimentos de treinadores, castigos a dirigentes e, espantemo-nos, contestação aos árbitros e à arbitragem.

O tão ansiado videoárbitro não foi o milagre que se esperava para pacificar o nosso futebol.

Foi, no entanto, muito importante em diversas situações como a anulação de alguns golos precedidos por infracção à lei do fora-de-jogo. Bem os árbitros assistentes que, em caso de dúvida, arriscaram mais deixando prosseguir o jogo, conscientes que o videoárbitro iria corrigir a sua decisão caso esta fosse errada.

Numa primeira fase da época e até os jogadores se consciencializarem da preponderância do videoárbitro, foi de extrema importância em situações de faltas grosseiras (pisões, entradas de sola e outras de gravidade semelhante) não facilmente detectáveis pelo árbitro no terreno de jogo. Por “culpa” do vídeo-árbitro houve mais expulsões que nas épocas anteriores. (75 vermelhos em 2016-17 e 83 em 2017-18).

Nas decisões nas áreas (lances de penálti) verificou-se uma redução dos erros dos árbitros. Tal, no entanto, não trouxe significativa redução na discussão e barulho pós-jogo em torno destes lances. Em quase todas as jornadas houve alguma equipa, treinador ou dirigente a questionar a honestidade e/ou competência dos árbitros, dos videoárbitros e até dos técnicos de televisão por sentir que foram prejudicados nalgum pontapé de penálti por assinalar a seu favor ou mal assinalado contra si. Neste capítulo, nada de muito diferente do que era o futebol português da era “pré videoárbitro”.

Ainda no lado da contestação, foi curioso acompanhar o desconhecimento que adeptos e alguns intervenientes do jogo demostraram ao reclamar muitas vezes a intervenção do videoárbitro em situações não protocoladas: lances pouco claros nas áreas, expulsões motivadas por segunda amarelo, entre outros.

Não deixa de ser curioso e interessante recuar um ano e analisar aquele que foi o primeiro jogo com intervenção “live” do videoárbitro em Portugal para perceber que, logo nessa partida, se puderam observar os principais indicadores das potencialidades, benefícios mas também limitações desta nova ferramenta do futebol.

A final da Taça de Portugal 2016-17, entre o Benfica e o Vitória SC, foi o primeiro jogo de uma competição nacional onde se utilizou o videoárbitro em modo “live”. Hugo Miguel foi o árbitro dessa partida histórica para o futebol português onde Jorge Sousa desempenhou a função de VAR e Artur Soares Dias foi o AVAR. Nesse jogo, tal como na maior parte dos jogos da Liga 2017-18, o árbitro não recorreu à ajuda do videoárbitro, nem aconteceu que o videoárbitro aconselhasse o árbitro a rever qualquer decisão.

E foi isto que escrevi há um ano. No futebol português, há coisas que não são difíceis de prever...

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