Quercus diz que Parque Florestal de Monsanto é um “barril de pólvora”
Autarquia rejeita as críticas dos ambientalistas de que não está a limpar a floresta de Monsanto. “Podemos ter aqui um novo Pinhal de Leiria”, considera o presidente da Quercus.
Os dirigentes das associações ambientalistas Quercus e Associação de Promoção ao Investimento Florestal (Acréscimo) acusam a câmara de Lisboa de não limpar bem os terrenos do Parque Florestal de Monsanto, receando a ocorrência de incêndios e a dimensão que possam atingir, noticia a TSF nesta terça-feira.
“Este sítio é um barril de pólvora autêntico à vista de toda a gente”, afirmou o presidente da Quercus, João Branco, em entrevista à TSF. “Podemos ter aqui um novo Pinhal de Leiria”, acrescenta. A autarquia lisboeta rejeita as acusações e diz que está tudo controlado, mesmo que nem todas as zonas estejam ainda limpas.
“Não há a mínima dúvida de que aqui o risco de incêndio é elevado, porque tem todos os factores: população humana sempre presente, alta carga de combustível e continuidade horizontal e vertical dos combustíveis. Está aqui o cocktail para que os incêndios ocorram e se propaguem”, diz João Branco à TSF. O dirigente da Acréscimo Paulo Castro (que, tal como João Branco, é engenheiro florestal) concorda. Ainda que a existência de espaços por limpar não seja “uniforme” em toda a mata, há um risco associado da “carga combustível em excesso” que acaba por “contaminar” toda a zona.
Segundo os peritos, há algumas zonas da floresta que não são limpas há vários anos e têm “arbustos e silvas quase do tamanho de árvores”.
À TSF, a autarquia lisboeta garante que se trata de situações pontuais e que pelo menos um deles estará em terreno do Estado central. O vereador do Ambiente, Estrutura Verde, Clima e Energia da câmara de Lisboa, José Sá Fernandes, rejeita as críticas e garante que já foi feita a apresentação pública a explicar o que vai ser limpo até ao final de Maio em Monsanto, prometendo que tudo estará concluído até lá. E acrescenta: “Monsanto é a única mata urbana certificada com práticas de boa gestão”, argumentando ainda que “é uma mata que tem um plano de gestão florestal” e que, apesar de haver ainda algumas zonas por limpar, elas não oferecem “qualquer perigo”.
No mês passado, o PSD acusava a câmara de não limpar “a grande reserva ambiental” da capital: “A Câmara Municipal de Lisboa nada fez até hoje, deixando Monsanto sem limpeza dos seus corredores de segurança, ameaçando a vida dos lisboetas”, diziam em comunicado os sociais-democratas.