Jerónimo de Sousa acusa Governo do PS de estar do lado dos que estão contra o SNS

“Não segue no bom caminho o PS e o seu Governo quando procura a solução para os problemas dos trabalhadores, do povo e do país com o PSD e CDS”, afirma o líder comunista.

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Jerónimo de Sousa PAULO NOVAIS/LUSA

O secretário-geral do PCP acusou neste sábado o Governo do PS de estar “do lado daqueles que estão contra o Serviço Nacional de Saúde”, uma vez que “a obsessão pela redução do défice” impede o investimento público no sector.

Jerónimo de Sousa encerrou, em Lisboa, o encontro do PCP sobre “Serviço Nacional de Saúde público e de qualidade — direito à saúde para todos”, e no seu discurso acusou o Governo socialista de ser “responsável por manter, no caso da saúde, um conjunto de problemas estruturais”.

“A obsessão pela redução do défice para valores muito mais baixos do que a própria União Europeia impõe ao nosso país e a opção errada de utilizar as centenas de milhões de euros poupados com essa redução, não no investimento público, nomeadamente na saúde, mas na ajuda aos bancos e naquele que é o grande sorvedouro dos dinheiros públicos, o serviço da dívida, coloca o Governo do PS do lado daqueles que estão contra o Serviço Nacional de Saúde”, criticou.

O líder comunista não esqueceu os “posicionamentos e desenvolvimentos em torno da Lei de Bases da Saúde”. “Alguns, avaliando a actual relação de forças na Assembleia da República como sustentação de apoio automático a uma alteração progressista à Lei de Bases da Saúde, podem estar a fazer mal as contas”, avisou.

Jerónimo de Sousa prometeu que o partido não ficará “numa posição expectante” e, “de forma autónoma”, vai travar “todos os combates necessários para que o direito à saúde dos portugueses integre o direito à vida, reforçando o Serviço Nacional de Saúde”. Não é por acaso, de acordo com secretário-geral do PCP, que “ontem mesmo Rui Rio se tenha 'chegado à frente'”.

“E o PS? Muita coisa mudou desde 1979. E por parte dos Governos do PS mudou para pior”, atirou.

O líder comunista alegou que a “insustentabilidade, que os arautos do Estado mínimo tanto apregoam, não está no investimento público no SNS, mas na transferência de milhares de milhões de euros para os grupos privados a partir das PPP, convenções e subsistemas públicos de saúde”.

Apesar de grande parte do discurso ter sido dedicado à questão da saúde, Jerónimo de Sousa não esqueceu outros avisos ao PS, parceiro de “geringonça”. “Se esse caminho do Governo anterior era de cortes e mais cortes, de infernizar a vida aos trabalhadores e aos reformados portugueses, exigindo sacrifícios em nome da crise, não se percebe que agora, em nome do sucesso, se venha dizer que é preciso travar às quatro rodas mais avanços, mais reposição de rendimentos e direitos”, advertiu.

Para o PCP, “se há progresso, se há sucesso, compete também aos trabalhadores receberem a parte devida por esse sucesso que é proclamado”. “Não segue no bom caminho o PS e o seu Governo quando procura a solução para os problemas dos trabalhadores, do povo e do país com o PSD e CDS”, condenou.