Avicii, DJ estrela, morreu aos 28 anos

Nascido Tim Bergling, o músico sueco, autor de Wake me up ou Legends, morreu em Mascate, Omã, de causas desconhecidas.

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Era uma das estrelas maiores da era dos DJs super-estrelas e um dos responsáveis pela febre da chamada EDM (Electronic Dance Music), género de popularidade galopante desde meados da década passada. Foi o criador dessa Wake me up que, contando com a voz de Aloe Blacc, se tornou um dos hinos do Verão de 2014. Três anos anos antes, Levels transformara-o em estrela global, abrindo caminho para uma carreira em que se cruzou com pesos pesados da indústria como Madonna, o veterano Santana, Lenny Kravitz ou os Coldplay. Em 2016, anunciou a retirada dos palcos, justificada por problemas de saúde e por se sentir desconfortável com as pressões inerentes à exposição pública. Esta sexta-feira, a notícia chegou, apanhando todos de surpresa. Avicii, nascido Tim Bergling há 28 anos, em Estocolmo, morreu em Mascate, Omã.

“Foi encontrado morto em Mascate, Omã, na tarde desta sexta-feira, hora local”, lê-se no comunicado emitido pela sua representante, Ebba Lindqvist, à imprensa sueca. “A família está devastada e pedimos a todos para respeitarem a sua privacidade neste período difícil”. Apesar dos noticiados problemas de saúde – em 2014 removeu o apêndice e a vesícula biliar e sofria de pancreatite aguda, provocado pelo consumo excessivo de álcool –, são desconhecidas as causas da morte.

Em Setembro de 2017, regressara aos discos com o lançamento do EP Avici (01), no qual contou com a colaboração de Rita Ora ou AlunaGeorge. Era a concretização daquilo que anunciara algum tempo antes nas redes sociais, quando falou aos fãs do afastamento dos palcos. “O fim dos concertos nunca significou o fim de Avicii ou da minha música. Em vez disso, voltei ao lugar onde tudo faz sentido – o estúdio”, escreveu então. “O próximo passo será dedicado à minha paixão em fazer música para vocês. É o início de algo novo”, acrescentou.

Creditando a responsabilidade primeira pelo percurso musical aos franceses Daft Punk – que contava ter ouvido obsessivamente, “ainda antes de saber o que era música house” –, Tim Bergling escolheu como nome artístico Avicii, termo que designa o nível mais baixo do inferno budista. Começou a ser notado em 2010, quando editou Seek bromance, tema que escalou a lugares de destaque em tabelas de vendas de discos europeias. No ano seguinte, quando cria Levels à volta de um sample de Something’s got a hold on me – hino gospel gravado em 1962 pela cantora soul Etta James – o sucesso expande-se além da Europa. Com os Estados Unidos rendidos à EDM, uma evolução do techno e da house com pitadas da Eurodance da década de 1990, ou seja, música electrónica sem floreados, directa e bombástica, verdadeiro hedonismo para um eterno Verão em Ibiza, Avicii tornava-se uma estrela planetária, equiparável em popularidade a outras celebridades do género, como David Guetta, Calvin Harrins, Swedish House Mafia ou Skrillex.

O percurso meteórico coincidiu com o período em que a EDM predominou enquanto fenómeno de popularidade praticamente imbatível no circuito de festivais de massas. Da discografia constam dois álbuns, True (2013) e Stories (2015), e colaborações com os Coldplay (A sky full of stars ou Hymn for the weekend), David Guetta, com quem editou Sunshine, em 2012, Madonna (Girl gone wild) ou Santana e Wyclef Jean (juntos assinaram o hino do Mundial de Futebol de 2014, Dar um jeito). Para o sucesso do seu percurso, tão ou mais importante que a música gravada em nome próprio, ou produzida e remisturada para outros, foram as actuações ao vivo, marcados pelo ambiente eufórico da música, potenciado pelas chuvas de confetti, e pela energia da batida incessante. Em 2016, quando anunciou o abandono dos palcos acumulara uma fortuna de 75 milhões de euros. Ao longo da sua carreira, passou várias vezes por Portugal, a última das quais em Maio de 2016 no Rock In Rio Lisboa. A despedida dos palcos aconteceu em Agosto, no clube Ushuaïa, em Ibiza.

Nos bastidores, porém, sentia uma insatisfação crescente, como testemunhado no documentário Avicii: True Stories, estreado em Setembro de 2017. Nessa altura, declarava em entrevista à Rolling Stone: “Precisava de perceber o que fazer da minha vida. Tudo começou a rodar à volta do sucesso pelo sucesso. Já não conseguia extrair dali qualquer felicidade”. Afirmava ainda que pretendia afastar-se o mais possível da EDM e aproveitar o tempo agora livre para aprofundar conhecimentos sobre outros géneros musicais. O EP Avici (01) seria, portanto, o primeiro passo numa nova fase da sua carreira. Acabou por ser, tragicamente, a sua despedida precoce. com Liliana Borges

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