Jacinda Ardern leva uma capa maori para o Palácio de Buckingham
A primeira-ministra neozelandesa representou maior povo indígena do seu país, durante um jantar com membros da Commonwealth.
Durante uma reunião da Commonwealth em Inglaterra, esta semana, a primeira-ministra neozelandesa, Jacinda Ardern, decidiu representar a cultura aborígene do seu país, levando vestido um manto típico dos maori, o maior povo indígena da Nova Zelândia.
Denominada kahu huruhuru, a capa adornada de penas era usada e admirada pelos maori pela sua beleza e construção – que “requeria meses de trabalho altamente especializado” –, mas também porque os pássaros eram vistos como mensageiros do reino espiritual, de acordo com o Te Papa Tongarewa, do Museu Nacional da Nova Zelândia. Ganharam assim prestígio desde o século XIX.
Mark Sykes, o guardião das colecções especiais maoris do museu aplaudiu a escolha de Ardern. “Os mantos são usados por causa do calor, para protecção e para simbolizar o status da pessoa e o mana [poder]. Acho que mostra como ela [Jacinda Ardern] se está a apresentar como uma líder dos maoris, de toda a Nova Zelândia, de todos. Fez-me sentir orgulhoso. Ela usou-o bem”, declara, citado pelo The Guardian.
A imagem da primeira-ministra grávida ao lado do marido, no palácio, correu a Internet, não só pelo facto de Jacinda Ardern ter decidido honrar a cultura aborígene do seu país, mas também por mostrar uma inversão dos papéis típicos do género. “Esta fotografia da nossa primeira-ministra @jacindaardern no Palácio de Buckingham dá-me imenso orgulho, tanto como neozelandês como enquanto maori”, escreveu um utilizador no Twitter. Outro acrescentou: “Hoje estou mais orgulhoso do que nunca de ser neozelandês. Esta é a minha primeira-ministra, uma jovem e poderosa líder nos corredores do Palácio de Buckingham”.
No discurso, durante o jantar oferecido pela rainha Isabel II, no Palácio de Buckingham – no qual estiveram presentes outros governantes como Theresa May, Justin Trudeau e membros da realeza britânica –, a primeira-ministra neozelandesa propôs um brinde, citando um provérbio maori (falando primeiro na língua original): “Qual é a coisa mais importante do mundo? São as pessoas, as pessoas, as pessoas!” “Quando voltarmos para os nossos respectivos países, que nos lembremos que as nossas acções esta semana servem os nossos povos. Através da Commonwealth, devemos continuar a ajudar a melhorar as vidas de todos os nossos cidadãos”, desejou ainda.