Novo chefe da NASA é um céptico das alterações climáticas
Senado aprovou, à tangente, a nomeação de Jim Bridenstine, um ex-piloto de combate da Marinha dos EUA, para administrador da agência espacial norte-americana.
Após meses de espera e muita controvérsia, o Senado norte-americano aprovou, esta quinta-feira, a nomeação do republicano Jim Bridenstein para o cargo de administrador da agência espacial NASA. O nome do ex-piloto de combate da Marinha dos EUA já tinha sido sugerido há alguns meses, mas a falta de qualquer tipo de experiência profissional científica instalou a discussão sobre se seria o homem certo para o lugar. A escolha de Jim Bridenstein foi criticada por ser um declarado céptico sobre as alterações climáticas.
Jim Bridenstine participou nas guerras do Iraque e do Afeganistão, conseguindo um lugar na Câmara dos Representantes em 2012. Na quinta-feira, com 50 votos favoráveis contra 49, o Senado norte-americano aprovou a sua nomeação como novo administrador da agência espacial norte-americana.
Minutos após a votação, a NASA dava as boas-vindas ao seu novo director no site oficial e nas redes sociais, onde não faltam comentários a sublinhar o seu perfil anticientífico e a desejar que – por falta de conhecimentos de Jim Bridenstein – os especialistas da agência acabem por gerir eles mesmos a actividade da NASA.
É o 13.º director da NASA e é a primeira vez que um político é eleito para este cargo. O administrador anterior, Charles F. Bolden Jr., renunciou em 20 de Janeiro de 2017, o primeiro dia na Casa Branca de Donald Trump. O Presidente dos EUA anunciou o nome de Jim Bridenstein para o cargo em Setembro. A confirmação aconteceu depois de o Comité de Comércio do Senado ter aceitado a nomeação, em Novembro, também com uma margem estreita de apenas um voto.
E se Jim Bridenstein não agrada aos democratas pela sua falta de experiência científica, também não parece recolher a unanimidade no seu partido. Entre outras vozes, o senador republicano Marco Rubio admitiu que não estava “entusiasmado” com o perfil do novo administrador, momentos antes da votação. “A NASA é uma organização que necessita ser dirigida por um profissional do espaço”, disse antes de votar a favor. O seu voto, que traduziu uma mudança de posição baseada no facto de ser urgente preencher o vazio na liderança de uma instituição fundamental para a economia norte-americana, segundo explicou ao jornal USA Today, terá sido decisivo na aprovação da nomeação.
A votação também foi marcada pela presença da senadora Tammy Duckworth, democrata do Illinois, que deu o seu voto “não” no Senado com a filha recém-nascida nos braços, adianta o The New York Times.
Apesar da sua falta de experiência na área científica, Jim Bridenstine tem tentado lançar-se em assuntos do espaço. Em 2016, patrocinou um projeto de lei chamado American Space Renaissance Act, que propunha metas amplas e ambiciosas para o programa espacial. Embora nunca tenha chegado a uma votação, algumas das ideias apresentadas foram incorporadas na legislação. Em Dezembro de 2017, o presidente dos Estados Unidos assinou a primeira directiva sobre política espacial da sua Administração. O plano, disse, era levar astronautas norte-americanos à Lua.
Na memória de muita gente está uma entrevista em 2016, em que Jim Bridenstine revelou não acreditar que os seres humanos são um factor decisivo nas alterações climáticas que se estão a verificar no planeta: “Diria que o clima está a mudar. Sempre mudou. Houve períodos de tempo, muito antes do motor de combustão interna, em que a Terra era muito mais quente do que é hoje.”
Num discurso na Câmara dos Representantes, em 2013, Bridenstine também criticou duramente o Presidente Barack Obama, defendendo que a sua Administração estava a gastar muito dinheiro na questão das alterações climáticas e acrescentou que Obama deveria pedir desculpas.
O novo administrador da NASA terá um orçamento que ronda os 20.000 milhões de dólares (16.300 milhões de euros) e quase duas dezenas de milhares de funcionários para gerir. Entre muitas outras questões que exigem a sua atenção, há decisões a tomar, por exemplo, sobre o Telescópio Espacial James Webb, cujo lançamento foi adiado para 2020, o Wide Field Infrared Survey Telescope, o processo de desenvolvimento de um foguetão pesado, o Sistema de Lançamento Espacial (SLS).