É a própria mentora do espaço A Mulata que o apresenta como um refúgio, um cantinho acolhedor sob a forma de cafetaria. Joana Teixeira dos Santos quer que as pessoas se sintam à-vontade dentro das quatro paredes do número 24 da Avenida Santa Joana, bem no centro de Aveiro (a poucos metros do Museu Santa Joana), a sua cidade do “coração” — natural do Porto, Joana acabou por mudar-se para a cidade da ria por causa do cupido. “As pessoas podem pegar num livro, embrulhar-se numa manta, ou até mesmo descalçar-se enquanto aqui estão”, garante a anfitriã.
A ideia é que o cliente se sinta em casa. Melhor dizendo: na casa da Joana que é, ela própria, A Mulata — o logótipo do espaço, inclusive, é uma imagem sua, de perfil. Tudo neste pequeno “refúgio” da cidade de Aveiro reflecte aquilo que são os gostos pessoais da mentora do espaço: da decoração à selecção musical, Joana Teixeira dos Santos não descura nenhum pormenor. Começando, desde logo, pelo menu. “A ideia de criar este espaço surgiu, precisamente, da lacuna que existia na cidade de Aveiro para pessoas como eu, que sou intolerante à lactose e vegetariana”, revela. Das tostas aos bolos, passando pelas panquecas e até mesmo pelos pastéis de nata, tudo na carta é 100% vegetariano e feito com “produtos da época e de produtores locais”, destaca a proprietária. “Os bolos são feitos por um pasteleiro que respeita ao máximo os princípios vegan, ou seja, sem ovos e com leite vegetal”, exemplifica Joana, sem esconder o orgulho de ter o exclusivo, em Aveiro, “das natas vegan”. Outra das estrelas da casa, as tostas, “são feitas com pão artesanal feito em forno a lenha”, acrescenta, evidenciando, ainda, o “maravilhoso chocolate quente” da Mulata, “feito exclusivamente com chocolate”.
A lista de produtos é grande e merece um olhar mais atento, tanto mais porque a carta d’A Mulata — que muda consoante a época do ano (Inverno ou Verão) — é decorada com poemas e citações de autores portugueses. Fernando Pessoa e José Luís Tinoco foram os eleitos para a carta actual, a par com o autor residente: Miguel Torga, mais concretamente o seu poema Sísifo, é presença constante. Porquê? “Tem uma mensagem de esperança, incentiva-nos a andar para a frente”, avalia Joana Teixeira dos Santos, depois de confessar que foi ainda em criança, por volta dos 10 anos, que começou a render-se a este poema. “Uma tia incentivava-me a lê-lo, mas na altura eu ainda não percebia a mensagem”, acrescenta.
Mas não são apenas os escritos de autores conhecidos que por ali merecem destaque. Numa das paredes da cafetaria há um enorme quadro de lousa onde os clientes são desafiados a deixar uma mensagem, uma assinatura ou um desenho. “A ideia é que as pessoas se sintam mesmo em casa, num espaço que é delas”, reforça a proprietária.
Brunchs ao sábado e almoços diários
À enorme variedade de bebidas (do chá ao vinho, passando pela cerveja, sumos e smoothies), A Mulata junta outra lista grande de propostas para aconchegar o estômago. Dependendo da hora do dia, pode escolher entre o menu de almoço (de segunda a sexta, das 12h30 às 14h) ou os petiscos para partilhar — tábuas vegetarina e vegana (entre as 15h e as 19h). Sempre disponíveis estão as opções de fatias de bolo, panquecas, queques, natas, menu Mulata (pão integral e croissant, com café ou chá preto e compota e manteiga) e as tostas da casa (recheadas com húmus, queijo brie, queijo vegano ou tomate e cogumelos, entre outros ingredientes).
Aos sábados, há brunchs, com três opções disponíveis, cada uma delas baptizada com o nome de um autor (Gedeão, Saramago e Cesário Verde). E seja a que dia da semana for, há uma bebida que os amantes de café não podem perder: o café à Mulata, cujo segredo reside numa “mistura de especiarias”. Já os mais gulosos dificilmente resistirão ao capuccino Oreo ou ao chocolate quente à Mulata.