Facebook volta a pedir a europeus para autorizar reconhecimento facial
A rede social está a aproveitar as actualizações com as novas regras europeias de protecção de dados para convencer os utilizadores das vantagens da ferramenta.
O Facebook quer voltar a identificar automaticamente a cara dos utilizadores na União Europeia. O sistema de reconhecimento facial não está disponível nestes países, mas a rede social está a aproveitar a actualização das regras europeias de protecção de dados para perguntar aos utilizadores se querem activar a função para os seus perfis.
Se estiver activo, outros utilizadores podem receber sugestões do Facebook para identificar a cara das pessoas que aparecem em fotografias publicadas na rede social. A funcionalidade foi desactivada em 2012 na Europa e no Canadá, devido a preocupações de reguladores sobre a privacidade. Parte do problema era que a informação biométrica fica arquivada nos servidores da empresa.
Agora, o Facebook volta a abrir o debate ao aproveitar a vinda do Regulamento Geral Sobre a Protecção de Dados – um novo conjunto de leis de privacidade europeias que entra em vigor a 25 de Maio – para perguntar directamente aos utilizadores que vivem na Europa se querem utilizar aquela ferramenta.
“Oferecemos estes produtos em todo o mundo durante mais de seis anos. Como parte das nossas actualizações, queremos dar a opção a pessoas na União Europeia e no Canadá de escolherem, ligar esta funcionalidade”, frisam os executivos Erin Egan e Ashlie Beringer num comunicado recente sobre o assunto. "Usar reconhecimento facial é completamente opcional."
A pergunta vai surgir num inquérito sobre as definições de privacidade que o Facebook é obrigado a mostrar novamente aos utilizadores europeus. A rede social argumenta que o serviço também “ajuda a proteger a privacidade” dos utilizadores porque pode detectar quando pessoas estão a tentar passar-se por outra ao utilizar uma fotografia que não lhes pertence. Acrescenta ainda que, independentemente da resposta, o serviço de reconhecimento facial está bloqueado para menores de 18 anos.
Recusar o serviço, porém, não é linear: em vez de uma única opção para rejeitar, é preciso passar por três etapas diferentes, até se chegar a um ecrã para gerir as definições dos dados onde se pode desactivar a função.
Em Portugal, a opção de activar o reconhecimento facial (que se encontra nas definições de cronologia e de identificação) continuava indisponível à hora de publicação desta notícia.
Os problemas com a ferramenta não se limitam à Europa. No começo da semana, um juiz nos EUA aceitou uma acção legal colectiva de utilizadores do Ilinóis devido ao uso da ferramenta de reconhecimento facial. Apesar de ser autorizada no país, os utilizadores defendem que não deram o seu consentimento explícito para a recolha de informação biométrica.
Entre as perguntas de privacidade que o Facebook vai voltar a fazer aos utilizadores, inclui-se, também, a opção de partilhar publicamente informação religiosa, profissional e privada. Embora se destinem, principalmente, aos utilizadores europeus, as questões vão ser enviadas a todos os indivíduos que usam a rede social para cumprir a promessa de Mark Zuckerberg de tentar aplicar algumas das modificações a todo o mundo.