A anatomia de uma crise

Não! Não é um texto sobre futebol, nem tão pouco sobre o meu Benfica e muito menos sobre a derrota de ontem.

É um texto sobre ruptura. É um texto sobre transgressão e agressão.

Sobre transgressão porque é contrário ao expectável e agride, porque na sua essência, acabará por fazer sentido. Digo eu...

Quando estamos perante um processo de mudança, uma alteração profunda ou quebra da "simetria", ou ainda perante um momento crítico de escolha, estamos diante de uma "crise". Estas crises são os grandes desafios que os designers, arquitectos e outros profissionais da criatividade, intensamente e vorazmente procuram.

Se olharmos para os designers como os profissionais que têm uma capacidade nata de interferir no mundo natural, criando o artificial, “crises” são os momentos que os realizam. São os momentos de crise que os ajudam a ajudar o mundo.

As crises dão origem às escolhas e à crítica, à separação e à avaliação. São, na minha opinião, a origem da existência e da subsistência. Do que existe, do que não existe e, melhor ainda, do que passa a existir.

A existência existe porque o mesmo fenómeno é alimentado por várias vias, todas elas motores prestes a explodir com crises variadas, pois o mesmo fenómeno tem diferentes observadores e cada um deles com diferentes intenções. É fazer a conta! Que se multiplique então fenómenos por observadores e depois por intenções.

As intenções de projecto de um designer estão fortemente condicionadas pelas crises da sua interpretação de cultura. A própria palavra cultura já nos coloca perante uma crise, uma ruptura, nem que seja, só e apenas, de interpretação.

Devemos olhar para a cultura como os funcionalistas e os estruturalistas? Ou deveríamos escolher a visão dos antropólogos e dos etnólogos? Pouco importa para agora.

Importa é perceber as suas subculturas, a do saber, a do sentir e a do fazer. E é exactamente aqui, aqui nestas três palavras que as crises dos designers subsistem: no conhecimento e na sua dinâmica, nas artes em todas as suas manifestações e nas técnicas e tecnologias e como elas configuram toda a vida material.

Se cultura pode definir-se como o fenómeno que nos garante um nível mais elevado de percepção e fruição das criações do espírito humano para a literatura, para as artes e para o conhecimento geral, arrisco dizer que a maior das crises, reside então nesta condição geral de gosto superior para o conhecimento.

O autor escreve em desacordo ortográfico.

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