Aliados estarão a "afinar" a lista de alvos na Síria
Demora pode permitir que efeitos não sejam tão perigosos.
Sem um plano concreto para a Síria, a especulação cresce sobre que forma poderá tomar uma acção militar norte-americana prometida por Donald Trump.
Quando poderá ter lugar o ataque?
O ataque chegou a ser esperado para a noite desta quarta-feira, mas parecia poder demorar mais algumas horas ou dias – dependerá sobretudo se a retaliação irá ser adiada até haver algum tipo de verificação sobre o que aconteceu exactamente com o ataque em Douma, em que se suspeita do uso de armas químicas pelo regime de Bashar al-Assad. Observadores dizem que também está a ser "afinada" a lista de alvos pelos aliados, Washington e Paris.
Quais podem ser os alvos?
Os alvos dependem do objectivo, que ainda não foi publicamente definido, mas parece ser algo entre dissuadir o regime de voltar a atacar com armas químicas e diminuir a sua capacidade para o fazer. Assim, o mais provável parece um ataque contra a aviação síria (a parte mais forte das forças armadas, com mais de 260 aviões e ainda helicópteros de combate, segundo o Instituto Internacional de Estudos Estratégicos de Londres), e locais onde haja fabrico ou investigação de armas químicas.
Tudo isto deve ser feito sem atingir militares russos no terreno, para não arriscar um confronto directo EUA-Rússia. Isto seria difícil dado o grande número de russos nas bases sírias, mas a demora e o facto de os alvos já terem sido mais ou menos indicados (o Presidente francês, Emmanuel Macron falou na “capacidade de armas químicas” do regime) pode permitir que estes se retirem. Macron também sublinhou que o alvo são as forças do regime e não os seus aliados, ou seja, a Rússia e o Irão.
Qual pode ser a reacção da Síria e da Rússia?
O sistema de defesa anti-aérea da Síria foi já há muito atingido por Israel, e não deverá ser grande ajuda contra mísseis americanos. Já a Rússia deslocou um moderno sistema de defesa anti-aéreo para a Síria, mas ainda nunca o usou. Moscovo reagiu a várias vozes à ameaça de ataque americano, dizendo que interceptaria quaisquer ataques com mísseis americanos.
A maioria dos observadores desvaloriza a ameaça de um confronto directo entre russos e americanos. O analista da revista Foreign Policy David Bosco resume assim a situação: “Assad e Putin têm um forte incentivo para aguentar o ataque e seguir em frente. A situação actual na Síria é-lhes favorável e não há razão para pensar que o ataque mudará essa dinâmica”.