Refugiados que estudam no superior vão ter os mesmos apoios sociais que alunos portugueses

O ministro Manuel Heitor indicou que a medida entra em vigor já no próximo ano lectivo.

Foto
Manuel Heitor explicou que até agora os estudantes refugiados só têm podido receber apoios de instituições Sergio Azenha (colaborador)

Os estudantes refugiados que frequentam o ensino superior português vão ter um estatuto que os equipara aos estudantes nacionais em termos de elegibilidade para apoios sociais já a partir do próximo ano lectivo, disse nesta quinta-feira à Lusa o ministro Manuel Heitor.

À saída da conferência internacional dedicada ao ensino superior em situações de emergência que decorreu nesta quinta-feira na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior adiantou que a mudança vai estar em prática no ensino superior português, público e privado, já em 2018/2019.

"O que o Governo decidiu foi facilitar mecanismos de apoio de acção social a partir do próximo ano lectivo. Todos os estudantes que venham de zonas de emergência têm um estatuto especial, são equiparados aos estudantes portugueses e podem receber apoios sociais. Até aqui não podiam, porque não estavam no quadro legal da acção social escolar para o ensino superior e por isso tinham que ser as instituições individualmente a apoiá-los", disse o ministro.

Durante a conferência foi apresentado o portal do projecto Rapid Response Mecanism - RRM (Mecanismo de Resposta Rápida), uma proposta do ex-Presidente da República Jorge Sampaio, mentor do projecto que conta com o apoio das Nações Unidas.

A plataforma digital, que deverá estar disponível em breve, pretende ser um espaço de promoção de diálogo e um fórum de discussão sobre o próprio mecanismo, para além de ter como objectivos a busca de parcerias e gerar recursos, entre outros aspectos, explicou a assessora de Jorge Sampaio e responsável pelo projecto da plataforma digital RRM, Helena Barroco.

Uma das ideias para captação de financiamento é pedir a contribuição solidária dos estudantes do ensino superior de todo o mundo: se a cada ano cada aluno contribuir com um euro, o valor mínimo de apoio, e tendo em conta que o ensino superior conta com 230 milhões de alunos em todo o mundo, com tendência crescente, será possível angariar todos os anos 230 milhões de euros para o projecto.

Helena Barroco manifestou ainda o desejo de que os cursos de Medicina sejam "um sector importante" no âmbito do RRM, por ser uma área de formação fundamental para quem vem deslocado de zonas de guerra.