Governo quer erradicar tuberculose até 2030 e entrega unidade móvel de rastreio à Lezíria

Portugal tem 16 casos de tuberculose por cada 100 mil habitantes.

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Manuel Roberto

O Governo quer erradicar a tuberculose até 2030, estando a apostar na detecção precoce e na proximidade a bolsas de população mais vulnerável, disse nesta terça-feira, em Almeirim, o secretário de Estado adjunto e da Saúde.

Fernando Araújo presidiu esta terça-feira, em Almeirim (distrito de Santarém), à cerimónia de entrega da "mais sofisticada" Unidade Móvel de Radiorrastreio (UMR) do país ao Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) da Lezíria, equipamento adquirido com fundos europeus, no valor de 685 mil euros.

Sublinhando a redução da incidência de tuberculose no país, actualmente na ordem de 16 novos casos por 100.000 habitantes, o governante afirmou que unidades como a que foi entregue vão permitir chegar a "bolsas de população mais vulnerável", que normalmente não recorre ao Serviço Nacional de Saúde, como a de estabelecimentos prisionais, sem-abrigo, população migrante e toxicodependentes.

O governante insistiu na detecção precoce para evitar transmissão a outros e no tratamento "para, até 2030, acabar com a epidemia de tuberculose" no país.

A coordenadora do Programa de Tuberculose da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, Conceição Gomes, afirmou que esta unidade, que vem substituir a que estava ao serviço na região há 37 anos, permitirá um diagnóstico "mais correcto de algumas doenças respiratórias", frisando que, se a incidência de tuberculose tem vindo a reduzir, há outras doenças respiratórias em crescimento, com destaque para o cancro do pulmão.

A UMR, que irá servir uma população de 200.000 utentes, possui a melhor tecnologia de ponta da Europa, trazendo "rapidez" no tipo de exames realizado e "segurança", porque o nível de radiação é mais baixo, realçou Fernando Araújo.

Com este equipamento, o raio-x é gerado imediatamente após a realização do exame e enviado em suporte digital para o radiologista e médicos do Centro de Diagnóstico Pneumológico, sendo depois remetido para o clínico que acompanha o utente, quer seja médico de família ou de outra especialidade.

Na cerimónia de hoje foram ainda entregues seis viaturas, num investimento na ordem dos 150.000 euros também com financiamento comunitário, para as unidades de Cuidados de Saúde Personalizados, de Cuidados Continuados, de Cuidados Paliativos e Unidades de Saúde Familiar de Almeirim, Alpiarça, Santarém, Coruche e Salvaterra de Magos.

O secretário de Estado sublinhou que o investimento em cuidados primários está a decorrer "em várias dimensões", sobretudo em centros de saúde que funcionam em prédios sem elevador, mas também em recursos humanos.

"Neste momento reduzimos em cerca de meio milhão o número de utentes sem médico de família — passaram de 1,2 milhões para cerca de 700.000, mas ainda temos 700.000", referiu, apontando ainda o esforço para "trazer novas profissões" para os centros de saúde, como médicos dentistas, psicólogos, nutricionistas, a realização de exames complementares de diagnóstico e equipas de cuidados paliativos.

Pedro Ribeiro, presidente da Câmara de Almeirim e da Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo, advertiu para a necessidade de dotar os centros e as extensões de saúde do pessoal auxiliar e administrativo perdido nos últimos anos, com a agravante que muitos dos que estão a trabalhar se aproximam da idade da reforma.

Sublinhando que a enorme carência de médicos de família sentida na região no final de 2014 e início de 2015 foi em grande parte resolvida e que a falta de enfermeiros "está a melhorar", Pedro Ribeiro afirmou que as autarquias podem vir a aceitar assumir a colocação do pessoal auxiliar e administrativo nos serviços de saúde, desde que, ao contrário do que aconteceu na educação, sejam salvaguardados rácios que correspondam efectivamente às necessidades