Associação sindical da PSP defende política única para sector
O presidente da Associação Sindical dos Profissionais de Polícia afirma que o crescimento a grande ritmo das cidades não tem sido acompanhado pelo aumento da PSP, que "estagnou".
O presidente da Associação Sindical dos Profissionais de Polícia (ASPP) defendeu nesta quinta-feira a criação de um plano a longo prazo que defina uma política única de segurança para adequar a polícia à realidade do país.
"Era necessário e nós temos pedido" aos grupos parlamentares na Assembleia da República que definam "um plano a longo prazo, de sete, oito, dez anos", que crie "uma política única de segurança para Portugal, para ir adequando a polícia à realidade do país", disse Paulo Rodrigues, que falava à agência Lusa a propósito do Relatório Anual de Segurança Interna (RASI), divulgado nesta quinta-feira.
Segundo Paulo Rodrigues, devia ser feita uma programação de entrada de efectivo e uma "programação de saída de pessoal mais antigo".
Ao mesmo tempo, as verbas deviam ser adequadas "àquilo que são as necessidades diárias da Polícia de Segurança Pública".
"Se este planeamento não se fizer desta forma vamos ter um desencontro entre aquilo que é a nossa capacidade de resposta e ao mesmo tempo aquilo que é a criminalidade que estamos sujeitos no dia-a-dia", advertiu.
Comentando a diminuição da criminalidade violenta, Paulo Rodrigues disse que é "muito importante" haver essa percepção, "apesar de no terreno" se continuarem a utilizar muito as polícias mais especializadas e talvez seja "por causa disso que tenha havido uma redução da criminalidade mais violenta".
"Não podemos esquecer que hoje em dia a PSP tem feito um trabalho extremamente importante no desmantelamento de grupos organizados, nomeadamente através da divisão da investigação criminal e com a ajuda de todos os outros serviços", sustentou.
Adiantou que é um trabalho que a polícia "tem reforçado bastante, com muito esforço dos profissionais", muitas vezes sem meios e equipamentos.
Cidades cresceram, PSP não
Quanto ao aumento da criminalidade geral, disse que as cidades têm crescido a um grande ritmo, como por exemplo o Porto, com "mais comércio, mais negócio, mais movimento", um movimento que não é acompanhado pelo aumento da PSP, que "estagnou em termos de efectivos e em modelo de dispositivos".
"Tendo em conta isso é natural que depois haja consequência. Não quer dizer que o aumento da criminalidade geral tenha a ver só com isso, mas a verdade é que nós olharmos para as esquadras de polícia vemos que muitas das vezes estão em serviço dois ou três elementos, o que tem consequências no patrulhamento normal", sustentou.
Os elementos na GNR, PSP, PJ, SEF e Polícia Marítima diminuíram 1,1% em 2017 em relação ano anterior, sendo a redução mais visível na Polícia Judiciária e Polícia de Segurança Pública.
Segundo o RASI, estas cinco forças e serviços de segurança tinham 45.553 elementos, enquanto em 2016 os polícias totalizavam 46.068.
O relatório adianta ainda que, em 2017, registou-se uma diminuição de 20,7% de novos formandos em relação a 2016, enquanto o número de elementos que cessaram funções aumentou 20,6% por cento.
No total, saíram 1575 elementos da GNR, PSP, PJ, SEF e PM em 2017 e ingressaram nestas polícias 808.
Na PSP, que tem 20.271 polícias, saíram 921 agentes e entraram 305.
Sobre a redução de efectivos em 2017, apontada no relatório, Paulo Rodrigues disse que "acaba por ser o que mais se nota no desenquadrar daquilo que é a realidade das cidades e do país" em matéria de segurança e a capacidade de resposta dada às várias ocorrências.