Um teste sem boas notícias

Portugal sofre a pior derrota da era Fernando Santos, com um 3-0 frente a uma Holanda em reconstrução e que não vai estar no Mundial.

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REUTERS/Denis Balibouse

Os testes servem para testar e foi uma selecção portuguesa muito experimental aquela que se apresentou frente a uma Holanda igualmente experimental, em Genebra, mas Fernando Santos deve ter riscado mais nomes do que outra coisa depois de ter visto Portugal ter sofrido a pior derrota desde que assumiu o cargo. No último jogo antes de ser anunciada a lista final de 23 convocados para o Mundial da Rússia, o campeão europeu perdeu por 3-0 frente a uns holandeses com muita juventude. Não só foi uma derrota pesada, por números pesados, como houve uma expulsão e nem o golinho de honra para cumprir o número redondo de mil.

A única boa notícia para a selecção portuguesa é que esta não é a sua verdadeira identidade e pouco haverá em comum entre a equipa que entrou em campo frente aos holandeses e aquela que se irá estrear no Mundial, em Sochi, a 15 de Junho, frente à Espanha de Lopetegui. A dupla de centrais não será composta, quase de certeza, por José Fonte e Rolando, e o meio-campo não terá, ao mesmo tempo, André Gomes, Adrien Silva e Manuel Fernandes (e nenhum deles parece ter, neste momento, um lugar garantido). Menos mal esteve o estreante Mário Rui, o lateral do Nápoles, mas não o suficiente para colocar em perigo Raphael Guerreiro ou Fábio Coentrão.

A falta de rotinas entre os que estavam em campo pode explicar muita coisa, mas não explica tudo, porque, do outro lado, estava uma selecção em reconstrução, em que muitos jogadores não chegaram ainda aos dois dígitos em internacionalizações e com um seleccionador a cumprir o seu segundo jogo no cargo, com margem de manobra para ir testando outras opções. Desta vez, Ronald Koeman deixou no banco o goleador do Sporting Bas Dost e apostou em Memphis Depay e Ryan Babel para o ataque. Para a “oranje”, foi só aproveitar a falta de entrosamento da equipa portuguesa para ir fazendo crescer o resultado.

Muita posse de bola sem grande consequência, mais lentidão na reacção à perda de bola foi receita para o desastre perante uma Holanda expectante, mas com vontade de fazer bem e honrar a grande tradição futebolística que tem. Aos 11’, Depay, um jogador renascido em Lyon depois de tempos pouco luminosos no Manchester United, fez o 1-0 perante o seu colega de equipa Anthony Lopes, oportuno a desviar uma bola disparada para a área por Van de Beek.

Ofensivamente Portugal não existia. Ronaldo e Quaresma pouco tinham para fazer porque a bola não chegava lá e mesmo Bruno Fernandes não parecia bem seguro do papel a desempenhar. À meia-hora de jogo, uma rara boa combinação entre Quaresma e Cancelo acaba com Ronaldo a transportar a bola e a cair dentro da grande área, mas por culpa própria e sem falta do defesa holandês.

Dois minutos depois, a Holanda fazia o 2-0, com o veterano Babel a responder da melhor forma a um cruzamento perfeito de Matthijs de Ligt, um jovem central de grande futuro do Ajax. E quando o pesadelo português na primeira parte parecia perto de acabar, Virgil van Dijk fez o 3-0 aos 45+2’, na sequência de uma bola bombeada para a área e direccionada para os seus pés pela cabeça de De Ligt.

Fernando Santos provavelmente teria vontade de mudar a equipa quase toda ao intervalo e não esteve longe de o fazer. Tirou três jogadores em sub-rendimento (Rolando, Adrien e André Gomes), lançou Neto, André Silva e Gonçalo Guedes, e Portugal pareceu finalmente uma equipa de futebol, a fazer justiça ao estatuto de campeão europeu. Fez mais nos primeiros 15 minutos da segunda parte do que em toda a primeira, mostrando-se mais pressionante e com maior capacidade para se aproximar da baliza de Cilessen. Aos 50’, Quaresma por pouco não faz golo, num remate de trivela que o guarda-redes suplente do Barcelona desvia.

Quando parecia que Portugal iria minimizar os estragos, uma imprudência de João Cancelo sobre Tony Vilhena leva à expulsão do lateral direito e, com menos um elemento, a reacção perdeu gás quase até ao fim do jogo — enquanto Cancelo saía do campo, três adeptos portugueses invadiram o terreno de jogo e um deles até chegou a dar um beijo na cara de Ronaldo, que também sairia pouco depois, sem ter marcado o golo mil da história da selecção portuguesa.

Só quando o encontro já estava perto do final é que houve verdadeiras hipóteses de alguém o marcar, Gonçalo Guedes aos 89’ e André Silva aos 90’. Mas nem isso correu bem.

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