Ministro procura consenso com PCP mas diz que medidas têm de ser “equilibradas”
Vieira da Silva espera para ver qual será o desenho final da entrada da Santa Casa no Montepio, mas considera decisão “adequada”. Sobre as leis laborais diz que estas não podem ser “precipitadas”.
Horas depois da concertação social, onde apresentou um pacote de alterações à lei laboral, o ministro do Trabalho e Segurança Social, Vieira da Silva, foi a Entre-os-Rios participar numa acção de limpeza de terrenos da Inatel, que tutela. O assunto era incontornável, afinal, o PCP e o BE até aplaudem as medidas, sobretudo a taxa que incidirá sobre o uso excessivo de contratos a termo, mas querem mais. Aos parceiros, Vieira da Silva responde com prudência.
“Todas as medidas para serem eficazes têm de ser equilibradas. Medidas que não são adequadas e que não levem em conta a realidade da nossa economia e do nosso sector empresarial podem ser muito bonitas no desenho teórico, mas se confrontadas com a realidade não produzem efeitos, não são eficazes”, respondeu quando questionado sobre a posição quer de PCP, quer do BE.
Vieira da Silva defende que as mudanças que estão agora a ser apresentadas “não são mudanças radicais”, mas são “profundas” e que permitem “uma abordagem equilibrada, progressiva, permanentemente avaliada”. O governante lembra que “não é possível acabar com a precariedade “de um dia para o outro” e que para que seja uma mudança que produza resultados consistentes tem de ser “uma mudança séria que não fique remetida para daqui a décadas, mas também que não seja precipitada e que possa ter o maior consenso possível”.
Num dia em que o Governo anda na rua para promover a limpeza das matas, o ministro olhou para este sector, que teve agora algumas empresas que ou se reconverteram ou que estão com uma carteira de clientes, promovendo o emprego. E lembra que é preciso olhar com especificidade para cada sector. “Por vezes confunde-se a precariedade com vínculos temporários, muitas actividades têm contratos temporários ou a termo que são perfeitamente justificáveis”, diz. Contudo, “em Portugal há um abuso no nosso sistema de relações laborais que conduz a uma utilização a uma existência excessiva de contratos com termos, por isso criámos um conjunto de novas regras e de novos incentivos para diminuir esse peso”.
Entrada no Montepio “é adequada”
Outro dos dossiers que tem em cima da mesa é a entrada da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa no Montepio. O provedor da Santa casa, Edmundo Martinho, revelou ontem que o investimento será na ordem de 1% do capital do Montepio. O ministro espera para ver a decisão final: “Tenho contactos com a Misericórdia de Lisboa. O investimento não esta ainda finalizado, há uma orientação de decisão do tipo de participação. É diferente daquela que se falou há uns tempos”, disse.
Apesar de ser diferente dos 10% inicialmente falados, o ministro considera que se trata de “uma decisão adequada”. “É uma instituição especial e o que importa é preservar a criação de uma parceria estratégica para que uma instituição com grandes responsabilidades sociais, como é a Misericórdia, e um banco que é detido por uma associação da economia social possa alargar o seu vinculo ao sector social. É esse o papel que a Misericórdia está a desempenhar”.
Quanto questionado sobre se 1% não é pouco, Vieira da Silva remete para a decisão que vier a ser tomada por Edmundo Martinho. “Os estudos é que vão apontar o quadro mais desejável, tenho confiança que a direcção, provedor e a mesa da Misericórdia saibam proceder e explicar a cada momento quais as razões que os levam a seguir”. O governante que tem a tutela das instituições de acção social não deixa no entanto de notar que esta decisão da Santa Casa tem sido “escrutinada como não foi nenhuma outra” e que isso “é bom que assim seja”.