Impactos da greve pouco visíveis em dois centros de saúde de Lisboa e Amadora

Nesta greve o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, entre muitos pontos, exige o descongelamento das progressões de carreira de todos os enfermeiros, independentemente do contrato de trabalho.

Foto
Nos dois centros de saúde de Lisboa e Amadora os serviços decorrem dentro da normalidade Paulo Pimenta/Arquivo

A greve dos enfermeiros fazia-se sentir pouco às 9h desta quinta-feira em dois centros saúde de Lisboa e da Amadora, com os tratamentos a decorrerem normalmente e os utentes a esperarem pouco tempo para serem atendidos.

À excepção do gabinete de vacinação internacional, todos os outros gabinetes de enfermagem estavam a funcionar no Centro de Saúde de Sete Rios, em Lisboa.

Em declarações à agência Lusa, enquanto esperava para fazer o tratamento a uma ferida que tem na perna, Leonel Marques disse que não sabia da greve marcada pelo Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) para quinta-feira e sexta-feira.

"Os enfermeiros devem ter algum motivo para fazer greve e têm esse direito, nós temos de aceitar", disse Leonel Marques, na casa dos 70 anos.

Resignado, disse que se não conseguisse fazer o tratamento voltava na sexta-feira, mas escassos minutos depois foi chamado pelo enfermeiro de serviço para mudar o penso.

Cerca das 8h30, no Agrupamento de Centros de Saúde da Venda Nova, na Amadora, o serviço de enfermagem estava assegurado pelas duas enfermeiras que entraram no turno das 8h. Uma enfermeira disse à Lusa que depois das 9h podia ficar "mais complicado" porque alguns enfermeiros poderiam não comparecer, o que pode implicar que haja tratamentos e outros serviços de enfermagem que ficam por fazer.

Os enfermeiros iniciaram às 8h desta quinta-feira uma greve de dois dias pela "valorização e dignificação" destes profissionais e que ficou agendada apesar da marcação de um calendário de negociações com o Governo sobre as suas 15 reivindicações.

A greve começou no turno da manhã e termina às 24h de sexta-feira e tem como objectivos principais a valorização e dignificação dos enfermeiros, segundo o SEP.

O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses reivindica o descongelamento das progressões, com a contagem dos pontos justamente devidos a todos os enfermeiros, independentemente do tipo de contrato de trabalho. A contratação imediata de 500 enfermeiros e de mais 1000 enfermeiros entre Abril e Maio é outra das reivindicações, assim como "a ocupação integral dos 774 postos de trabalho colocados a concurso" para as Administrações Regionais da Saúde (ARS). O SEP pretende ainda que seja efectuado "o pagamento do suplemento remuneratório para enfermeiros especialistas em Março, com efeitos a Janeiro/2018" e "o efectivo pagamento do trabalho extra/horas a mais em Março e Abril". A 13 de Março, o Ministério da Saúde assinou com os sindicatos dos enfermeiros um protocolo negocial para a revisão das carreiras de enfermagem.

Apesar desta assinatura, o SEP decidiu manter a paralisação, pois as negociações com vista à revisão das carreiras é apenas "um dos 15 pontos que levaram à marcação da greve", disse então o dirigente deste sindicato José Carlos Martins.