Ministro da Saúde garante que SNS contrata todos os médicos disponíveis
Ordem dos Médicos estima que os 120 milhões de euros gastos no ano passado com empresas prestadoras de serviços teriam dado para contratar mais 3000 profissionais para o SNS. Ministro Adalberto Campos Fernandes afirma que não existem tantos médicos para serem contratados.
O ministro da Saúde assegurou nesta quarta-feira que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) tem contratado todos os médicos disponíveis. Foi a sua reacção às contas da Ordem dos Médicos de que os 120 milhões de euros gastos no ano passado com empresas de serviços médicos teriam dado para contratar mais de 3000 profissionais.
"Dizer que podíamos ter contratado três mil médicos para o sistema é dizer às pessoas, erradamente, que existem três mil médicos no sistema disponíveis para serem contratados", afirmou o ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes.
As contas da Ordem dos Médicos foram divulgadas pelo bastonário numa sessão promovida ao fim do dia de terça-feira no Parlamento, pelo Bloco de Esquerda, sobre o novo regime jurídico da formação médica. Segundo a Ordem, o Ministério da Saúde teria conseguido contratar 3048 médicos a trabalhar 40 horas semanais com os 120 milhões de euros que se estima que o SNS tenha gasto em 2017 com empresas prestadoras de serviços médicos.
"Estes médicos [contratados através de prestação de serviço], na sua esmagadora maioria, trabalham no SNS e depois, no seu tempo disponível, trabalham noutras unidades através de prestação de serviço", explicou o ministro da Saúde. "Temos de ser objectivos e não podemos enganar os portugueses", declarou o ministro aos jornalistas, à margem da cimeira eHealth Summit, que decorre em Lisboa.
O bastonário dos Médicos, Miguel Guimarães, disse calcular que faltem 5500 médicos especialistas no SNS, lembrando que muito do trabalho tem sido actualmente feito à custa dos médicos internos, ainda em formação, que têm servido para "tapar muitos buracos".
As contas da Ordem
Para chegar aos 5500 médicos em falta, a Ordem somou o número de clínicos que daria para contratar com o que terá sido pago a empresas médicas (cerca de 3000) mais o número de médicos que, estando em horário completo, poderiam ter garantido o volume de horas extraordinárias pagas pelo Estado em 2017 (cerca de 2500). A Ordem calcula que 21,4% dos pagamentos aos médicos são horas suplementares ou extraordinárias.
Sobre a insuficiência de especialistas, a Ordem dos Médicos refere que há 18 mil médicos especialistas no SNS e mais de dez mil internos, o que dá uma relação de 1,7 especialistas para cada interno.
Para o bastonário, a escassez de especialistas dificulta a capacidade de formar mais jovens médicos em Portugal, até porque a esmagadora maioria de internos são formados no SNS.