Ordem dos Médicos vai fiscalizar equipas de serviço nas urgências
Em causa está o número de profissionais exigido e também as suas características, para que as equipas não sejam só constituídas por internos
A Ordem dos Médicos vai monitorizar em todos os hospitais o cumprimento das regras para a constituição das equipas nos serviços de urgência e exigir às direcções clínicas que assegurem o número de profissionais exigidos.
Esta foi uma das decisões tomada nesta segunda-feira na reunião do Fórum Médico, segundo disse à Lusa o bastonário da Ordem, Miguel Guimarães.
O representante dos médicos afirma ter a percepção de que as equipas estabelecidas para os serviços de urgência não são cumpridas em vários hospitais. Miguel Guimarães deu o exemplo do hospital de Faro, onde diz que o serviço de urgência "é praticamente assegurado só por internos [médicos em formação]".
Nos casos em que se detecte que não estão a ser cumpridos os critérios para os profissionais que deviam estar no serviço de urgência, a Ordem irá contactar os directores clínicos dessas unidades e dar um prazo para que a situação seja resolvida.
"Estamos a trabalhar em défice permanente", alerta o bastonário, lembrando que "os médicos que estão colocados em lugares de topo [como as direcções clínicas] têm responsabilidades, nomeadamente disciplinares".
Na reunião do Fórum Médico foi ainda decidido exigir respeito pelos direitos dos internos em formação e acabar "com a exploração inaceitável actualmente existente em muitos hospitais e centros de saúde".
A Ordem pondera ainda sugerir aos médicos que não façam serviço de urgência a partir dos 55 anos, nem serviço de urgência nocturna a partir dos 50, uma medida que está aliás prevista na lei.
Segundo Miguel Guimarães, a Ordem vai apresentar, no prazo de duas semanas, um novo plano de negociações ao ministro da Saúde e vai divulgá-lo publicamente.
A Ordem sublinha ainda que irá cumprir "o dever de denunciar às autoridades competentes e à comunicação social" as situações anómalas de insuficiências nos serviços públicos e privados de saúde.
"O ministro da Saúde está a convidar os médicos a sair do Serviço Nacional de Saúde (SNS), mas não vamos sair. Não por ele, mas pelos portugueses", declarou Miguel Guimarães.