Um ano antes do massacre, responsáveis tinham pedido que Nikolas Cruz fosse internado

O autor do tiroteio na Florida que resultou na morte de 17 pessoas apresentava vários comportamentos estranhos, que levaram alguns responsáveis da escola a pedir que fosse sujeito a um exame médico que envolveria o seu internamento, possível através da lei norte-americana.

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O autor confesso do tiroteio em Parkland, Nikolas Cruz Reuters/POOL

Um ano antes do massacre na Florida perpetrado por Nikolas Cruz que resultou na morte de 17 pessoas, vários responsáveis que tinham tido contacto com o autor do massacre na Florida chegaram a pedir que ele fosse institucionalizado e sujeito a um diagnóstico de saúde mental, mas tal nunca chegou a acontecer — se tivesse acontecido, poderia ter dificultado o seu acesso à compra de armas. A notícia foi dada pela Associated Press na tarde deste domingo, com base nos documentos pertencentes à investigação.

A recomendação foi feita por dois orientadores da escola (funcionários que orientam os alunos com conselhos sobre estudo e perspectivas de carreira) e um xerife mais de um ano antes, em Setembro de 2016.

Preocupados com a estabilidade mental de Nikolas Cruz, os membros da escola onde o autor confesso do massacre estudava – e de onde acabou por ser expulso, retornando lá apenas para o massacre – consideraram que o aluno deveria ser internado ou institucionalizado durante pelo menos três dias, mesmo que contra a sua vontade, para que lhe fosse feito um diagnóstico da sua saúde mental. Este internamento seria possível ao abrigo da lei Florida’s Baker Act. Se tal tivesse acontecido, seria mais difícil para Cruz conseguir legalmente comprar uma arma, podendo até ser impedido de o fazer, dizem especialistas ouvidos pela AP.

Nikolas Cruz apresentava vários indícios de distúrbios mentais: escrevia a palavra “matar” nos cadernos, disse a um colega que queria comprar uma arma e usá-la e mutilava o seu braço por raiva porque tinha acabado uma relação com a então namorada.

Em Janeiro deste ano, o FBI tinha recebido uma pista em que dava conta que Cruz poderia levar a cabo um tiroteio numa escola; a informação tinha sido dada por uma pessoa próxima do jovem. O próprio FBI admitiu que falhou ao não seguir a pista e ao não passar a informação à delegação de Miami. A indicação dizia que Cruz tinha acesso a armas, que fazia publicações “perturbadoras” nas redes sociais e que tinha um “comportamento instável”. O denunciante disse ainda que o jovem tinha “vontade de matar pessoas”.

Cruz abriu fogo na escola de onde tinha sido expulso em 2017 com uma arma semiautomática AR-15, comprada legalmente. O massacre resultou na morte de 14 alunos e três funcionários na escola secundária Marjory Stoneman Douglas, em Parkland, a 14 de Fevereiro. É acusado, entre outras coisas, de 17 crimes de homicídio premeditado. 

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