Morte de imigrante senegalês suscita distúrbios no centro de Madrid
Confrontos entre manifestantes e polícia ocorreram em diversas ruas do bairro histórico de Lavapiés. Município promete investigação.
O bairro de Lavapiés, no centro de Madrid, foi palco esta noite de confrontos entre manifestantes e a polícia, na sequência da morte de um imigrante senegalês, que testemunhas dizem ter morrido a fugir das autoridades, ainda que a polícia negue. Durante a noite, pelo menos dez polícias e quatro civis ficaram feridos; outras seis pessoas — uma delas menor — foram detidas nos protestos que se espalharam pelas ruas.
De acordo com o jornal espanhol El País, os distúrbios ocorreram em diversas ruas daquele bairro histórico, tendo havido cargas policiais e sido disparadas balas de borracha para dispersar os manifestantes, que incendiaram contentores de lixo e automóveis. Além disso, registaram-se estragos em mobiliário urbano, em agências bancárias e em veículos da polícia, com o lançamento de pedras e outros objectos.
Manifestantes explicaram à Agência France Presse (AFP) que estavam em protesto contra a morte de Mmame Mbage, um senegalês com cerca de 35 anos que chegou a Espanha de barco há 14 anos e ganhava a vida a vender malas e perfumes na rua. O homem não teria autorização de residência no país.
De acordo com as autoridades, Mmame Mbage foi encontrado inconsciente numa rua de Lavapiés, tendo sido efectuadas manobras de reanimação, mas sem sucesso. Vendedores de rua ouvidos pela AFP relataram que o senegalês foi perseguido por agentes da polícia municipal, que seguiam de mota, e colapsou.
Um morador da zona, que se identificou apenas como Marcos, contou à agência The Associated Press que, durante o dia, viu polícias a pé e em motociclos a perseguirem um grupo de vendedores de rua africanos. O homem relatou que a perseguição começou na praça da Porta do Sol e seguiu na direcção do bairro de Lavapiés.
A presidente da Câmara de Madrid, Manuela Carmena, numa mensagem no Twitter, garantiu que a autarquia irá "investigar minuciosamente o que aconteceu e agir em conformidade". "Lamento muito a morte de um cidadão em Lavapiés", escreveu.