Espectadores descontentes com repetições de programas na RTP1 e RTP3
Provedor do telespectador da RTP foi ouvido no Parlamento. Contou que também recebe queixas sobre a forma como a língua portuguesa é mal-tratada nos canais da televisão pública.
O provedor Jorge Wemans disse esta terça-feira no Parlamento que os telespectadores dos canais públicos estão descontentes com o tratamento que é dado à língua portuguesa e com a repetição da programação na RTP1 e na RTP3.
"O relatório refere tudo o que foi a actividade do gabinete ao longo de 2017, entre algumas das preocupações que são constantes nas mensagens que os telespectadores me enviam, creio que posso reter que nem sempre a língua portuguesa é bem tratada quer na informação, quer na ficção ou entretenimento. Os telespectadores dão conta disso e exigem um maior respeito. Uma segunda questão diz respeito ao facto de estarem menos contentes com ter, em simultâneo, a mesma programação na RTP1 e na RTP3", disse à Lusa, o provedor do telespectador à margem de uma audição parlamentar na Comissão de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto.
Conforme indica Jorge Wemans, a RTP 3 está há pouco mais de um ano na Televisão Digital Terrestre (TDT) e por ser um canal de acesso livre, os portugueses "querem que represente um ganho, aumentando a diversidade da oferta e não apenas uma repetição daquilo que podem ver na RTP1".
Durante a ronda de intervenções, os partidos questionaram ainda o responsável sobre a ausência de questões vindas dos espectadores da Madeira e dos Açores, a eficácia das recomendações do provedor, a diversificação de conteúdos e produções próprias, a atenção dada aos PALOP [Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa], ao desporto e às touradas.
Face à falta de representatividade das regiões autónomas, o provedor admitiu que existe um défice na difusão do seu programa, garantindo que hoje existem condições para uma maior presença e proactividade para com os cidadãos. No entanto, em relação aos telespectadores dos PALOP, Jorge Wemans defendeu que a maioria das mensagens que lhe chega é de "contentamento" em relação à RTP África.
Relativamente às touradas, o responsável disse que assumiu uma posição "bastante discreta", uma vez que o assunto já foi debatido em várias instâncias. "Não creio que o provedor tenha de ser uma parte activa deste processo, mas as pessoas que não querem ver touradas na televisão pública, não viram bem esta minha posição", vincou.
No que toca aos conteúdos apresentados, Jorge Wemans disse que a RTP apresenta "seguramente, a oferta mais diversa" dos vários canais de sinal aberto, o que, por sua vez, pode criar alguma "tensão na capacidade de agregar público".
"Acho que hoje as séries são globalmente melhores, mas esta não é uma aprendizagem da televisão, é do audiovisual português. É um caminho em que muita gente está envolvida e que não vai ter a explosão que o sistema de telenovela teve. [...] Preocupa-me ainda a quantidade de informação de futebol. Por exemplo, o Bom Dia chega a ter no arranque das notícias, seis minutos sobre futebol", considerou.