A civilização BBC
O melhor de Civilizations é a maneira como se filmam as obras de arte, mostrando-as de uma maneira cativante, evitando as conclusões redutoras e abrindo-nos os olhos e o apetite para saber mais.
Pareço uma daquelas figurinhas dos relógios de cuco: a toda a hora tiro o chapéu à BBC. Há sujeitos da Rainha Isabel II que gostariam de acabar com a BBC - mas isso é porque saudavelmente há de tudo no Reino Unido, incluindo sujeitos que gostariam de acabar com a Raínha Isabel II. É uma pena que nós estrangeiros não possamos pagar o equivalente do license fee - cerca de 200 euros por ano - para termos direito a ver tudo o que a BBC transmite. Continuamos em dívida, claro, porque usufruimos dos excelentes programas de rádio da Radio 3, 4 e 6 e do sempre fiável website.
Esta semana, magnificamente, a BBC pôs no iPlayer a série completa de Civilizations: 9 episódios de 1 hora. 5 episódios (entre os quais o primeiro e o último, ambos empolgantes) apresentados por Simon Schama, 2 por Mary Beard e 2 por David Olusoga. Este último é uma revelação com um talento enorme para a concisão e pertinência.
Claro que continua a valer a pena ver o Civilization de Kenneth Clark de 1969. Mas é claramente a visão de uma só pessoa. Schama observou ter inveja de Clark por este poder estar sentado durante 28 minutos a falar para a câmara enquanto que em Civilizations os apresentadores não param quietos, correndo o mundo num só segundo.
O melhor de Civilizations é a maneira como se filmam as obras de arte, mostrando-as de uma maneira cativante, evitando as conclusões redutoras e abrindo-nos os olhos e o apetite para saber mais. É nada menos que o Planet Earth da expressão artística humana.