Sector têxtil bateu recorde de exportações em 2017
Valor registado dá continuidade ao crescimento consecutivo do sector nos últimos oito anos.
As exportações de têxteis e vestuário atingiram os 5.237 milhões de euros, o valor mais alto de sempre, que representa um crescimento de 4% face a 2016, segundo dados divulgados esta sexta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística. Para aquele crescimento contribuiram sobretudo os EUA que, embora não seja o maior importador daqueles produtos nacionais, foi quem registou o maior aumento relativamente a 2016 (20%).
Espanha continua a ser o principal destino das exportações portuguesas, mesmo após ter sofrido uma quebra de 0,6%. O país vizinho representa 36% do total das exportações têxteis portuguesas, totalizando 1.772 milhões de euros. A maior queda registou-se na Tunísia, com uma quebra de 22% das exportações em comparação com 2016.
Paulo Vaz, director-geral da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP), em declarações ao PÚBLICO, afirma que o recorde não constituiu uma surpresa, porque o valor “tinha sido antecipado, praticamente, desde Junho”. “Estimamos que 2 a 3 mil empregos tenham sido criados no sector”, acrescentou, na sequência deste crescimento ímpar. Paulo Vaz mostra-se contente pelo “momento positivo” que o sector experiencia, mas garante que não existirá “complacência” para com o crescimento registado: “[O sector] tem de continuar a investir, a apresentar novos produtos e a ser agressivo comercialmente”.
Este recorde é mais notável se tivermos em linha de conta que 2017 prenunciava algumas incertezas para o sector e para o comércio internacional, devido a uma conjuntura marcada quer pelas eleições na Alemanha e na França, quer pelas políticas proteccionistas da administração Trump e as mudanças que o Brexit está e vai implicar.
Destes quadro países, foi o Reino Unido — o quarto destino principal das exportações do sector, que totalizou 418 milhões de euros em 2017 — aquele que mais abrandou na importação destes produtos nacionais, cuja diminuição foi na ordem dos 1,7%. Nada que seja surpreendente para a ATP, uma vez que esta quebra já tinha sido "antecipada" devido aos indicadores registados no ano de 2016. Para Paulo Vaz, a descida tem uma causa plausível: [o Brexit] tem influência na taxa de juro, porque enfraquece a libra, "retirando poder de compra ao consumidor inglês”.