Fake news: jovens vão ser ensinados a distinguir “o Norte e o Sul”
Centro de Internet Segura lança hoje campanha em que divulga dicas para distinguir notícias falsas e promover uma leitura crítica dos conteúdos online.
Estar atento à origem de uma notícia partilhada online, confirmar se a mesma é abordada por um meio de referência ou fazer pesquisas complementares sobre o tema. Estratégias como estas ajudam qualquer utilizador a navegar pelo mundo das notícias falsas, mas estas são dirigidas em especial a jovens. Fazem parte de uma lista criada pelo Centro Internet Segura (CIS) que é parte de uma campanha nacional de alerta sobre as “fake news” lançada esta terça-feira.
A preocupação do CIS com a profusão das notícias falsas é sintetizada pela sua coordenadora, Sofia Rasgado: “se começarmos todos a alimentar este espaço com notícias falsas às tantas não sabemos bem qual é que é o Norte e qual é que é o Sul”. Ensinar a distinguir entre esses dois pólos é a primeira missão desta campanha dirigida a jovens e adolescentes, que se vai prolonga-se durante todo o mês, em colaboração com bibliotecas escolares e associações de pais.
Aos jovens, são passados não só cuidados a ter com a informação que consomem online, mas é também incutida uma preocupação com aquilo que eles próprios replicam a partir das suas partilhas. “Todos nós contribuímos para a construção das mensagens que são divulgadas e transmitidas na Internet”, prossegue Sofia Rasgado, que representa a Fundação para a Ciência e Tecnologia na liderança do CIS, um consórcio que, nos últimos dez anos, promove um uso mais consciente da Internet e que inclui a Direcção-Geral de Educação, empresas de telecomunicações e de tecnologias.
Esta terça-feira, o organismo assinala o Dia da Internet Mais Segura, com uma conferência em Braga. O próprio slogan da efeméride neste ano aponta nessa sentido de responsabilização: “Cria e partilha com responsabilidade. Uma Internet melhor começa contigo”.
Conteúdos divididos por idades
O Dia Internet Mais Segura dá início a um mês de acções de sensibilização e formação que vão estender-se um pouco por todo o país. Para o programa que todos os anos se prolonga durante o mês de Fevereiro, o CIS desenvolve recursos pedagógicos, que são disponibilizados para download para poderem ser usados pelos seus parceiros – que incluem a Rede de Bibliotecas Escolares, a Confederação Nacional de Associações de Pais ou o Programa Escolhas.
Pela primeira vez, os conteúdos foram divididos por idades, com conteúdos destinados a crianças, a jovens e a adultos. Além das “fake news”, o material dirigido aos jovens inclui matérias com o impacto da pegada digital na sua empregabilidade, as dependências digitais e os relacionamentos online.
Os conteúdos disponibilizados sobre “fake news” incluem indicações sobre a forma de identificar notícias falsas e sugestões de conteúdos educativos disponíveis online, como um vídeo de animação feito por Patrick Smith a partir de uma Ted Talk (conferência) de Noah Tavlin, ou uma proposta de exercício a partir de uma notícia falsa – a brincadeira lançada pelo gabinete de comunicação da PSP nas redes sociais, a 1 de Abril do ano passado, em que era anunciada a aquisição de veículos voadores pela polícia. “O importante”, valoriza Sofia Rasgado “é apelar ao pensamento crítico dos jovens”.
Mais de 19 mil denúncias
O CIS está a assinalar dez anos, durante os quais recebeu mais de 19.700 denúncias na sua Linha Alerta, destinada a reportar conteúdo ilegal encontrado online. Foram validadas 14% dessas queixas, 99% dos quais diziam respeitos a conteúdos sexuais envolvendo menores.
A GNR registou, ao longo do ano 2017, 641 crimes informáticos, revelou aquela força policial em comunicado. Este número significa um crescimento de 73% face ao ano anterior. Estes números dizem apenas respeito aos crimes registados pela GNR. A generalidade dos crimes informáticos em Portugal são investigados pela Polícia Judiciária, que não divulgou estes números apesar do pedido do PÚBLICO. Aconteceu o mesmo com o pedido feito à PSP.