Portugal continua vulnerável apesar de ter melhorado gestão da dívida
A agência de notação financeira Moody's considera que Portugal continua a ser mais sensível às alterações dos mercados do que os seus pares europeus, embora os reembolsos antecipados ao FMI tenham melhorado a resiliência da dívida portuguesa.
"As políticas activas de gestão da dívida tomadas pelo Governo melhoraram a resiliência do perfil da dívida portuguesa às mudanças do mercado", diz a Moody's, que é a única das três principais agências de rating a manter Portugal numa nota de 'lixo', numa análise divulgada hoje.
No entanto, e porque o peso da dívida permanece "muito elevado em relação aos seus pares", em torno dos 127% do PIB em 2017, segundo espera o executivo, a Moody's afirma que os juros das obrigações portuguesas devem permanecer "mais sensíveis a alterações no sentimento dos investidores" do que acontece com a maioria dos países periféricos da Europa.
Na nota, a agência refere-se ao pagamento antecipado de 831 milhões de euros da tranche mais cara do empréstimo do Fundo Monetário Internacional (FMI). Com este reembolso, que ocorreu em Janeiro, Portugal pagou já 83% do total do empréstimo ao FMI.
"Mais importante, dado que o montante por pagar (4.500 milhões de euros) está agora abaixo da quota de Portugal no FMI, o custo do serviço da dívida restante vai cair para 1% dos anteriores 4%", destaca a Moody's.
A agência de rating recorda que este pagamento segue a estratégia do Governo português de refinanciar gradualmente a "relativamente cara" dívida do programa de ajustamento por "financiamento de mercado mais barato" e que, em resultado, o custo médio da dívida desceu de um pico de 4,1% em 2011 para 3% em 2017.