Depois de #MeToo, há uma app para dar o seu consentimento sexual

Aplicação LegalFling permite definir quais as práticas com que estão ou não confortáveis e gravar o consentimento sexual num acordo juridicamente vinculativo.

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Lucas Jackson/Reuters

Uma startup holandesa vai lançar uma aplicação para o telemóvel que permite que duas pessoas possam combinar como será a sua vida sexual. A ideia surgiu depois de a Suécia discutir uma iniciativa para reforçar a lei de violação sexual.

A app chama-se LegalFling e permite aos utilizadores definir quais as práticas com que estão ou não confortáveis e gravar o consentimento sexual num acordo juridicamente vinculativo. "O sexo não só deve ser divertido, mas também seguro", defende Rick Schmitz, director-executivo da empresa de tecnologia LegalThings.

"Como não pedimos a alguém para assinar um contrato antes de ter relações sexuais, a LegalFling é uma maneira fácil de definir claramente e comunicar quais as regras e os limites antes de fazer sexo", acrescenta à Reuters.

Os utilizadores podem definir que relação sexual irão ter e estabelecer as regras, por exemplo, sobre o uso de preservativos, divulgação de doenças sexualmente transmissíveis ou a captação de imagens. Por exemplo, em caso da partilha indevida de um vídeo ou de uma fotografia que o casal tenha feito, a  app permite que ambas as partes concordem com uma penalidade.

Tal como outro contrato legal, em caso de quebra, a outra parte pode ir a tribunal, esclarecem os criadores da aplicação. No entanto, se mudarem de ideias, o contrato também pode ser alterado.

Os criadores da LegalFling contam à Reuters que a ideia surgiu como uma resposta prática à proposta sueca de ter legislação que exija o consentimento explícito para o contacto sexual. O lançamento, que será em três semanas, surge também quando se discutem questões em torno do consentimento, depois da campanha #MeToo contra o assédio e a agressão sexual.

Crê-se que sem saberem do desenvolvimento desta aplicação, Catherine Deneuve e outras francesas assinaram uma carta contra o puritanismo que se vive relativamente à questão do assédio e agressão sexual na indústria do entretenimento e, a páginas tantas, escreveram que no futuro "dois adultos que desejem dormir juntos terão de especificar de antemão, através de uma aplicação, que práticas farão e quais as que consentem". É o que permite esta nova app.