As avelãs de Viseu
Tenho procurado avelãs de muitos países e muitas são agradáveis mas, claro está, nenhuma era grada de Viseu – que é absolutamente deliciosa.
Escreve-se para mostrar a ignorância, na esperança que alguém tenha a bondade de aliviá-la. No FUGAS fiz uma grande festa às avelãs do Piemonte desconhecendo que em Viseu se cultiva uma avelã grande e bonita – a variedade chama-se "grada de Viseu – que é absolutamente deliciosa. Ora toma!
A produtora Anita Cabral de Almeida, proprietária da famosa Casa da Nespereira, teve a generosidade de me mandar umas avelãs para eu provar. Na carta que me escreveu diz que tem “muita pena que as avelãs de Viseu continuem escondidas atrás dos montes Hermínios”. Agora também tenho eu. Aconselho a leitura do texto de Daniel Deusdado “Há uma história de amor com aveleiras” publicado pelo DN em 2014.
São avelãs sumptuosas, gordas e macias, que se ganha em comer cruas. Devo ter comido avelãs de Viseu quando era pequenino porque a minha primeira reacção foi de alegria, por conhecê-las. Comia muitas avelãs e provavelmente aquelas que eu comprava em Lisboa vinham de Viseu – o sabor era igual. São doces, sem agrura e sem fantasma de ranço.
Foi a primeira vez que me aconteceu esta actualização de uma saudade antiga. Foi uma sorte comovente. Tenho procurado avelãs de muitos países e muitas são agradáveis mas, claro está, nenhuma era grada de Viseu.
Num trabalho precioso, disponível online em PDF, Ana Paula Silva faz um levantamento das Variedades de Aveleira que deixará espantado qualquer avelófilo nacional. Haverá alguma iguaria que nós os portugueses não esqueçamos, desperdicemos e maltratemos?