ONU leva refugiados para Itália devido a condições desumanas nos campos líbios
As Nações Unidas estimam que haja cerca de 18 mil migrantes retidos na Líbia, em campos de detenção sem condições.
As Nações Unidas começaram esta terça-feira a transportar refugiados africanos que estão na Líbia para Itália, retirando-os de centros de detenção com condições desumanas.
Centenas de milhares de pessoas em fuga de conflitos armados e da pobreza nas suas terras estão retidas na Líbia, na esperança de conseguirem pagar a contrabandistas que os levem até Itália, porta de entrada na Europa.
É a primeira vez que o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) retira migrantes da Líbia para os recolocar na Europa. Um avião militar italiano C-130 aterrou num aeroporto a Sul de Roma com 110 pessoas a bordo, todas mulheres e crianças. É agora esperado um segundo voo, ainda esta sexta-feira, com mais 50 pessoas.
“Esperamos realmente que outros países sigam o exemplo” da Itália, disse o enviado especial da o ACNUR para o Mediterrâneo Central, Vincent Cochetel, à chegada deste primeiro grupo.
“Algumas destas pessoas sofreram tremendamente e foram mantidas prisioneiras em condições desumanas enquanto estiveram na Líbia. Cinco das mulheres deram à luz enquanto estavam detidas, com assistência médica muito limitada”, disse Cochetel.
O ACNUR estima que cerca de 18 mil pessoas estejam retidas em centros de detenção para imigrantes que são controlados pelo governo de Trípoli e que não oferecem condições mínimas. A ONU pretende retirar dali dez mil pessoas em 2018.
A Cáritas italiana, em colaboração com a Igreja Católica, vai ofercer abrigo a muitos deles, que vão ser distribuídos por vários pontos de Itália enquanto decorrerem os processos de concessão de vistos. Eritreia, Etiópia, Somália mas também o Iémen (esta nação já na Ásia) são alguns dos países de origem dos refugiados acolhidos por Itália.
A chegada de migrantes a Itália através do Mediterrâneo caiu dois terços desde Julho, em comparação com o período homólogo, depois do governo de Trípoli, apoiado pela comunidade internacional, ter começado a combater os grupos de traficantes de pessoas.
No entanto, esta decisão italiana de permitir a entrada deste grupo de migrantes e refugiados retirados da Líbia está agerar críticas da parte grupos da direita e da extrema-direita italiana.
“Isto devia ser um motivo de orgulho para os italianos”, contrapõe o ministro do Interior italiano, Marco Minniti. “É só o princípio. Continuaremos a tentar abrir este corredor humanitário”, acrescentou, citado pela Reuters.