Nuno Brandão Costa e Sérgio Mah serão os curadores da Bienal de Arquitectura de Veneza

Pela primeira vez a representação nacional no evento é escolhida por concurso.

O arquitecto Nuno Brandão Costa
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O arquitecto Nuno Brandão Costa Ana Maria Coelho
O curador Sérgio Mah
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O curador Sérgio Mah Nuno Ferreira Santos

O arquitecto Nuno Brandão Costa e o curador Sérgio Mah foram os escolhidos pelo júri do concurso lançado pela Direcção-Geral das Artes (DGArtes) para comissariar a representação oficial portuguesa na Bienal de Arquitectura de Veneza de 2018. A exposição da equipa vencedora deverá centrar-se na importância dos edifícios públicos na construção das cidades.

A DGArtes ainda não anunciou o resultado do concurso, mas este já está disponível no site da instituição. O organismo deverá fazer um anúncio público tão cedo quanto possível, provavelmente logo no início de Janeiro, uma vez que a equipa vencedora já não dispõe de muito tempo para montar a sua proposta até final de Maio, altura em que a representação nacional deverá inaugurar a exposição na Villa Hériot, na Ilha de Giudecca, onde Portugal se tem apresentado nas últimas bienais de arquitectura em Veneza.

Os dois comissários, ambos com 47 anos, têm agora de apurar obras e arquitectos a mostrar em Veneza, embora já tenha sido apresentada no concurso uma lista indicativa de nomes, apurou o PÚBLICO.  Segundo os termos do concurso, a representação nacional em Veneza está orçada em 200 mil euros.

O arquitecto Nuno Brandão Costa, distinguido com o Prémio Secil de Arquitectura em 2008, tem atelier no Porto e várias obras construídas no Norte do país, tendo vencido o concurso para a concepção do novo terminal intermodal de Campanhã, no Porto. Licenciado e doutorado pela Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, onde ensina projectos desde 2001, é considerado um dos representantes da chamada Escola do Porto, nomeadamente da geração que se segue a Eduardo Souto de Moura. Sérgio Mah, com um trabalho de curadoria centrado na fotografia, organizou a retrospectiva actualmente em exibição no Jeu de Paume, em Paris, dedicada a Albert Renger-Patzasch (1897-1966). Professor na Universidade Nova de Lisboa, foi director artístico do festival PhotoEspaña, em Madrid, entre 2008 e 2010, e comissário da representação oficial portuguesa à 54.ª Bienal de Arte de Veneza, tendo então escolhido Francisco Tropa

Um concurso inédito

A 16.ª Bienal de Arquitectura de Veneza tem como comissárias-gerais as arquitectas irlandesas Yvonne Farrel e Shelley McNamara, que compõem o duo do atelier Grafton Architects, com sede em Dublin, e têm como uma das suas obras mais conhecidas e premiadas o edifício-sede da Universidade de Engenharia e Tecnologia (UTEC) do Peru, em Lima. “Freespace” (espaço livre) é o tema escolhido pelas duas arquitectas, que venceram o Leão de Prata em Veneza em 2012 – e o edifício da UTEC pode ser visto como um belo exemplar dessa proposta, no sentido em que é um novo campus universitário onde o espaço colectivo, organizado na vertical, se oferece generosamente à comunidade. De acordo com a proposta das irlandesas, que deve ser considerada pela representações nacionais, "Freespace" quer representar “a generosidade de espírito e o sentido de humanidade que a arquitectura coloca no centro da sua própria agenda”.

Pela primeira vez, a representação nacional em Veneza é resultado de um concurso feito por convites; até aqui, a DGArtes convidava directamente um curador, que por sua vez escolhia o tema e os arquitectos representados (houve anos em que o artista foi convidado directamente). Na última edição da Bienal de Arquitectura de Veneza, Portugal apresentou Álvaro Siza, numa exposição que explorava a relação do mais internacional arquitecto português com Aldo Rossi, arquitecto e teórico italiano. A exposição Vizinhança, comissariada pelos arquitectos Nuno Grande e Roberto Cremascoli, pode agora ser vista no Centro Cultural de Belém (até 11 de Fevereiro).

A Bienal de Arquitectura decorrerá de 26 de Maio a 25 de Novembro, nos espaços dos Giardini, no Arsenale, ou espalhando-se um pouco por toda a histórica cidade italiana, como no caso particular da representação portuguesa.

O júri do concurso da DGArtes foi presidido por Nuno Moura, da própria direcção-geral, e incluiu Helena Paula Pires (Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal), José Manuel Pedreirinho (Ordem dos Arquitectos), os arquitectos Inês Lobo, Nuno Grande e Roberto Cremascoli (curadores de representações oficiais em edições anteriores) e Sofia Baptista (produtora da DGArtes).

Além dos dois vencedores, a DGArtes desafiou mais seis equipas: Ana Jara e Lucinda Correia; André Tavares e Marta Labastida; João Belo Rodeia e Ricardo Carvalho; João Mendes Ribeiro, Désirée Pedro e Carlos Antunes; Jorge Figueira e Carlos Machado e Moura; Maria Manuel Oliveira e Álvaro Domingues.

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