Só dez dos 40 comerciantes do exterior do Bolhão vão para o mercado temporário
Câmara do Porto diz que ainda não tem condições para assumir uma data para a transferência dos vendedores para o mercado temporário.
Há 14 comerciantes do exterior do Mercado do Bolhão que não vão regressar ao local depois da reabilitação anunciada. A denúncia do contrato foi uma decisão tomada por estes lojistas, com excepção de um caso, em que a “falta de cumprimento do contrato de arrendamento” levou a que não fosse possível avançar com o processo negocial, pelo que “terá o seu contrato denunciado”, explica-se nos documentos que acompanham a proposta para que sejam celebrados os diferentes acordos com estes comerciantes: os que ficam, os que partem, os que suspendem a actividade e os que vão manter-se a funcionar num local alternativo ao mercado temporário. A Câmara do Porto diz que ainda “não existem condições” para avançar com a data de transferência dos comerciantes.
O executivo vai apreciar, na reunião desta quinta-feira, a rectificação dos acordos com os vendedores do interior – há, pelo menos, mais duas desistências e algumas transmissões de negócios – e os acordos com os lojistas do exterior. Entre estes há dez que vão transferir os seus negócios para o mercado temporário, no Centro Comercial La Vie, mas a maior parte não chegará a utilizar este espaço adaptado pela Câmara do Porto para receber os actuais comerciantes do Bolhão. Além dos 14 que não regressam ao novo mercado – entre os quais a loja de modas Gentleman ou a Top Disco – há onze inquilinos que preferem suspender a actividade durante a duração das obras, regressando, posteriormente, com contratos actualizados, e seis que vão abrir portas, temporariamente, noutros locais escolhidos pelos próprios comerciantes.
A Câmara do Porto vai indemnizar os lojistas do exterior que não regressarão ao mercado renovado com valores que variam entre os 60 mil e os cerca de 390 mil euros. Quase todos os outros terão, no regresso, o valor das rendas actualizado. A excepção é para os lojistas que já pagavam um valor por metro quadrado superior ao que foi agora estipulado: 8,88 euros. É o caso, por exemplo, da relojoaria Mendonça, que vai reabrir temporariamente num espaço escolhido e reabilitado para o efeito, devido à especificidade do negócio, regressando, posteriormente, para pagar os mesmos 585 euros de renda que já paga hoje. Mas, na grande maioria dos casos, a renda vai subir muito.
De acordo com o novo valor por metro quadrado, a Casa Hortícola, por exemplo, deverá ver a renda passar dos actuais 162 euros para os 745 (sem contar com os arrumos) e há pelo menos um pronto-a-vestir cuja renda deverá saltar dos cerca de 105 euros actuais para quase 1300 euros no novo mercado.
Os prazos para que tudo isto aconteça é que não estão ainda definidos. Todos os acordos com os comerciantes do Mercado do Bolhão que vão instalar-se no La Vie referem que estes têm que ser avisados da transferência com 30 dias de antecedência, o que ainda não aconteceu. Fonte da Câmara do Porto afirma que está ainda a correr o prazo para que os concorrentes preteridos no concurso público para reabilitar o Bolhão possam reclamar, pelo que não há condições para “assumir uma data para a transferência”, que chegou a ser esperada para Janeiro. O vencedor anunciado foi o Agrupamento Alberto Couto Alves S.A. e Lúcio da Silva Azevedo & Filhos S.A..
Uma vez instalados no mercado temporário, os comerciantes do mercado de frescos ficam isentos de manter os seus espaços a funcionar entre 8h e as 20h, de segunda a sexta-feira e entre as 8h e as 18h ao sábado. Estas bancas irão abrir às 7h, de segunda-feira a sábado e podem encerrar às 21h, de segunda a sexta-feira (entre as 17h e as 21h só funciona quem quiser), encerrando o negócio às 19h, ao sábado. Os comerciantes que vão ocupar lojas individuais no Piso -1 do La Vie Porto podem escolher um horário de abertura de oito horas entre os períodos das 8h às 20h (de segunda a sexta-feira) e das 8h às 18h (sábado). Ao domingo o mercado temporário está encerrado.