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Paulo Rogério está a reconstruir o rebanho
Paulo Rogério foi o primeiro produtor de Oliveira do Hospital a conseguir produzir queijo da Serra durante todo o ano. Está a lutar diariamente para recuperar o lugar que os incêndios de 15 de Outubro ameaçaram.
Paulo Rogério tem 45 anos, os mesmos que leva à volta de ovelhas. Ele gosta de dizer que já nasceu debaixo delas, habituado que está a essas lides. Depois da violenta madrugada de 15 de Outubro, chegou a ter a mala pronta. Estava exausto. Lutou sozinho contra as chamas horas a fio. Chamas que o venceram, e acabaram a matar o seu ganha-pão: o rebanho de ovelhas bordaleiras com que fabrica artesanalmente o queijo da Serra. Tinha feito o funeral do pai no dia anterior, e olhar para a frente, ali, naquela quinta de Oliveira do Hospital, concelho que viu 98% da sua área ser pasto de chamas, parecia-lhe impossível.
Preparou-se para emigrar. Não para mudar de vida – ele insiste, não conhece outra, não quer fazer mais nada – e preparava-se para ir tentar a sorte, e pastorear rebanhos para Andorra ou para França.
Acabou por não o fazer. o dono de um restaurante organizou um jantar solidário e Paulo Rogério conseguiu dinheiro suficiente para recomeçar.
Aos poucos. Lentamente. Comprou 40 ovelhas em Tondela, mais 20 em Celorico.
No dia em que recebeu o PÚBLICO nasceram-lhe mais três borregos. É o melhor sinal para o recomeço. As ovelhas que comprou, já estão a dar leite. Primeiro para amamentar, depois para fazer queijo.
Paulo Rogério diz que não conta com o Estado – antes, diz que conta com os amigos, amigo como aquele que não conhecia de lado nenhum e lhe organizou um jantar solidário.
E conta com os dois pastores e as duas mulheres que trabalham consigo, a fazer o queijo.
Antes dos incêndios estava a produzir 80 queijos da Serra por dia. Um mês e meio depois, já conseguia fazer entregas diárias, só em Oliveira do Hospital e de apenas seis queijos.
Ele, que foi o primeiro produtor a ter queijo da Serra todo o ano, está a lutar diariamente para regressar ao patamar onde os incêndios o deixaram. “Não conto com o Estado. Conto com a solidariedade dos particulares.” Luísa Pinto