Tempestade derruba telhado do Liceu Camões e relembra necessidade de obras

Direcção da escola aponta atraso no cumprimento do plano de requalificação previsto para o edifício. Ministério da Educação refere que reparações começam esta terça-feira.

Estado do telhado do Liceu Camões esta manhã
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Estado do telhado do Liceu Camões, esta manhã DR
Vista do interior da escola
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Vista do interior da escola DR

A passagem da tempestade Ana por Lisboa, este domingo e segunda-feira, provocou a derrocada de parte do telhado do Liceu Camões. A queda de telhas ocorreu pelas 11h45 desta manhã e não provocou feridos, informou o director da escola, João Jaime. Em declarações ao PÚBLICO, elementos da direcção da escola alertaram para a necessidade urgente de intervenção e obras de requalificação na estrutura do edifício, construído em 1909, projecto que João Jaime diz estar a tentar fazer avançar desde 2011.

“As telhas não atingiram ninguém, porque existe um tecto que actua como protecção. No entanto, é de um material permeável, pelo que a intervenção é urgente, para evitar a queda de chuva nas salas de aula”, contextualiza Adelina Precatado, membro da direcção da escola secundária, em declarações ao PÚBLICO.

Entretanto, à Agência Lusa, o Ministério da Educação referiu que as obras no local vão começar esta terça-feira: "O mau tempo que se sentiu nas últimas horas afectou uma parte do telhado da ES [Escola Secundária] Camões, em Lisboa. Uma equipa da Direcção-Geral dos Estabelecimentos Escolares já esteve no local esta manhã e prevê-se que já amanhã se iniciem trabalhos de recuperação da estrutura afectada. Não foram afectadas as aulas".

A queda de chuva intensa acompanhada por fortes rajadas de vento deu-se em várias zonas de Lisboa. “Houve um grande remoinho e terá sido isso que fez cair as telhas no subtecto”, descreve a responsável, ressalvando, no entanto, a fragilidade da estrutura do edifício. “Sabemos que houve um fenómeno atmosférico, mas a isso junta-se a necessidade de obras”, sublinha Adelina Precatado.

“Até ao momento não apareceu ninguém do Ministério da Educação aqui. Manifestaram a disponibilidade de colaborar, mas precisamos de um bocadinho mais”, considera.

“A escola irá fazer uma estimativa dos custos e começar já amanhã a reparar a parte destapada do telhado. A questão de fundo é que [a escola] está muito fragilizada. Podemos remendar mais um bocadinho, mas é vital uma intervenção urgente”, insiste o director do Liceu Camões.

“Hoje os invernos estão mais agressivos. Podem existir menos chuvas, mas são mais intensas”, avalia. “O edifício tem 108 anos e está a mostrar alguma fragilidade”, sublinha. “Parece que neste país é preciso haver feridos ou mortos para que se faça alguma coisa”, observa o director da escola secundária. “Há dois meses pedimos uma reunião ao ministro [Tiago Brandão Rodrigues] e estamos à espera”, afirma.

“Não basta a Assembleia da República aprovar a petição dos pais [entregue em 2016]. Se não houver iniciativa da parte do Ministério das Finanças, não é possível ter esperança”, conclui. “Já morremos na praia em 2011/2012, com a mudança do Governo, quando tínhamos o projecto aprovado e por opção política foi suspenso.” Já este ano, conta, “o ministro da Educação assinou em Janeiro uma decisão que só foi assinada pelo ministro das Finanças em Maio”, o que se traduziu em cinco meses perdidos.

“Neste momento já estamos a lutar para que haja obra em 2019”, acrescenta. “É tempo de se programar as obras sem haver um acidente”, vinca o director do antigo Liceu Camões.

Agora, as prioridades actuais são, segundo o director, “garantir que não há outras zonas do edifício que não ofereçam segurança aos alunos e a todos que trabalham aqui”. É por isso necessário que haja alguém que faça uma vistoria, defende.

Esta segunda-feira, estiveram na escola a Protecção Civil e os bombeiros. Foram retiradas telhas como medida de segurança, e as aulas estão a decorrer normalmente.

Bloco exige obras “urgentes”

Depois de o Partido Ecologista “Os Verdes” ter pedido a intervenção do Ministério de Educação, no final de Outubro, na reabilitação do Liceu Camões, também o Bloco de Esquerda (BE) exige obras com a “máxima urgência”. 

Numa pergunta escrita enviada ao Ministério da Educação, esta segunda-feira, os bloquistas questionam qual a “intervenção urgente” que o Governo pretende levar a cabo naquela escola para “garantir a segurança de pessoas e bens, na sequência da ruína de parte do telhado”. 

Na carta, assinada pela deputada Joana Mortágua, o grupo parlamentar do Bloco de Esquerda questiona ainda o executivo sobre o arranque das obras de remodelação da escola, seguindo uma recomendação aprovada no parlamento, em Setembro do ano passado. 

Os bloquistas lembram ainda que, na proposta de Orçamento de Estado para 2018, foi feito um reforço de cinco milhões de euros para a requalificação e construção de três escolas do concelho de Lisboa. Se mesmo após "tantas insistências, iniciativas e consenso" sobre a premente requalificação da escola, a empreitada não arrancou, "importa agora garantir obras com a máxima urgência" para que se evitem “acidentes graves”, sublinham os bloquistas. 

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