Volta ao mundo com Júlio Resende e Stravinski
O Lugar do Desenho/Fundação Júlio Resende está a assinalar o centenário do nascimento do autor de Ribeira Negra com várias exposições. E a Casa da Música dedica-lhe o concerto deste sábado.
Não será com a famosa Petrushka, a obra de Stravinski que mais fascinava Júlio Resende (1917- 2011), mas com outra peça maior do compositor russo, a suite de Pássaro de Fogo, que a Casa da Música presta este sábado homenagem ao pintor portuense nascido há cem anos. Dirigida pelo maestro titular Baldur Brönnimann, a Orquestra Sinfónica do Porto encerra o concerto desta tarde (Sala Suggia, 18h00) com a execução da célebre suite do bailado que inaugurou a riquíssima colaboração de Stravinski com os Ballets Russes de Diaghilev. O programa inclui também a estreia da peça Curvatório, de Luís Neto da Costa, uma encomenda da Casa da Música, e obras de Leos Janácek e Magnus Lindberg; e será explicado numa palestra pré-concerto (Cibermúsica, 17h15) pelo compositor Daniel Moreira.
Sobre o fascínio que sentia pela música de Stravinski, e que o levou inclusivamente a fazer uma exposição sobre esse universo em 2010, Resende escreveu que se tratava de “um atrevimento” do qual não se penitenciava. Foi assim que pintou várias telas ao som dos compassos de Petrushka, “já que o ouvido não é redutor ao mundo das emoções”. E acrescentava que “o aspecto mais fascinante destes compassos é o poder de ‘elasticidade’ desses sons quando sucedem a uma surpreendente percussão. Daí, o exaltamento da vida, de visões que parecem credíveis ao auditor desprevenido”.
O concerto na Casa da Música vem acrescentar-se a um programa alargado de iniciativas com que o Lugar do Desenho/Fundação Júlio Resende vem evocando o pintor desde a data do seu centenário (23 de Outubro). Considerando que “rever Júlio Resende é rever uma obra que resume a arte do século XX”, esta instituição fundada em 1993 apresenta na sua sede, em Gondomar, duas exposições evocativas: a primeira é uma Antológica (até 14 de Janeiro de 2018), comissariada por Armando Alves, que revisita em 20 telas reunidas junto de colecções privadas e institucionais o próprio percurso criativo do artista, entre o Esboceto, um trabalho de tese feito em 1943, até Menina com gato, um óleo sobre tela de 1983.
Um período mais amplo é percorrido por Linha do tempo (até 14 de Outubro de 2018), com que os curadores Manuel Casal Aguiar, Laura Castro, Joaquim Vieira de Magalhães e Pedro Casal revisitam seis períodos da sua criação: Até Paris, No Alentejo, O Porto, No Brasil, Em Cabo Verde e Goa.
Paralelamente é possível ver outras vertentes temáticas da obra de Resende em Estremoz (Alentejo, no Palácio Marqueses da Praia e Monforte), São João da Madeira (A Experiência do Lugar – desenho na Oliva Creative Factory, até 9 de Dezembro) e Matosinhos (Júlio Resende – Obra pública, Galeria Municipal, até 27 de Janeiro).
Notícia corrigida: foi corrigido o nome do autor de Petrushka