“O PSD não precisa de uma folha de Excel, mas sim da visão de Santana”

Concelhia de Lisboa do PSD vai a votos no dia em que há directas no partido. Luís Newton é o primeiro candidato assumido.

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O social-democrata também é presidente da junta da Estrela Nuno Ferreira Santos
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Luís Newton é candidato ao PSD Lisboa Nuno Ferreira Santos

Foi reeleito pelo PSD presidente da Junta de Freguesia da Estrela nestas autárquicas. Agora, Luís Newton mostra-se disponível para liderar uma candidatura à concelhia de Lisboa do PSD e critica o líder interino desta estrutura, Rodrigo Gonçalves: nestes últimos quatro anos “não se lhe conhece uma ideia como deputado municipal”.

Como é que viu o PSD a ser ultrapassado pelo CDS em Lisboa?
Com muita preocupação. Até porque o PSD não foi ultrapassado pelo CDS nestas eleições…

Nas eleições para o executivo camarário foi.
O eleitorado que votou CDS é um eleitorado que tradicionalmente vota PSD e que, por algum motivo, não se reviu na solução à câmara nem à assembleia municipal. Dou o exemplo concreto desta freguesia: tivemos mais do dobro da votação da câmara. Isto significa que o eleitorado PSD veio votar no candidato à junta. Não significa que perdemos eleitorado, mas houve uma insatisfação. No limite, um cartão amarelo.

O que é que falhou?
Falhou uma definição criteriosa para a cidade. O CDS definiu muito cedo uma estratégia para Lisboa e o PSD não. Tanto José Eduardo Martins como Teresa Leal Coelho ficaram numa situação difícil. Depois tentaram promover o projecto que lhes era possível mas não conseguiram ter penetração. Pelo meio, o PSD andar a torpedear-se a ele próprio não ajuda.

José Eduardo Martins, que foi cabeça de lista à Assembleia Municipal, não seria o candidato natural a líder da bancada?
Não, nem nunca foi. Nos últimos 20 anos, quando ganhamos, o número um é geralmente candidato a presidente de mesa. Até 2009, se a memória não me falha, houve outra solução para a AM que não era a pessoa que encabeçava a lista. E aí até houve duas listas. Há uma tradição no PSD em que o cabeça de lista à AM não é forçosamente o líder dos deputados.

Mas ele tinha vontade de avançar e que acabou por retirar a lista por perceber que tinha surgido outra…
Não, ele retirou porque não tinha pessoas suficientes para fazer a lista. São 12 deputados municipais, oito declararam-me imediatamente apoio. Para se fazer uma lista são precisas pelo menos sete pessoas.

Concertou as iniciativas políticas da AM com a vereadora Teresa Leal Coelho?
Todas as iniciativas políticas estão na linha programática que o PSD tem. Não a do programa à câmara nestas eleições. O que procurámos foi articular com a vereadora tudo o que tem a ver com as iniciativas de câmara.

Já reuniu com ela?
Não, a primeira reunião formal ainda não existiu. O tema de arranque vai ser o Orçamento. 

Está disponível para ser candidato à concelhia do PSD-Lisboa? 
Estou disponível para aceitar um projecto de liderança da concelhia, mas mais importante do que perspectivas pessoais é compreender que a política é feita de consensos. E o que o partido precisa é de um consenso alargado sobre o futuro da cidade e o futuro do PSD Lisboa.

É uma alternativa à lista que venha a ser liderada por Rodrigo Gonçalves?Não é uma questão de alternativa, apesar de ele já ter manifestado em vários fóruns a sua vontade em liderar. Uma das vitórias de Rui Rio em Lisboa foi conseguir que o Rodrigo Gonçalves se dedicasse a fazer oposição ao PS em vez de andar a bater em nos seus companheiros sociais-democratas e a criticar. Em quatro anos, enquanto deputado municipal não se conhece uma ideia dele para Lisboa. Estão pessoas a trabalhar oito anos na construção de uma mensagem sobre a cidade e agora é preciso um governo sombra [anunciado por Rodrigo Gonçalves para a câmara] para ter novas ideias?

Já foi ouvido na investigação das viagens pagas pela Huawei?
Não, não fui. Terei todo o gosto e estou desejoso de ser ouvido. Fui lá [à China] para participar numa conferência sobre smart cities, que é regular, acontece duas vezes por ano.

Faz sentido que um autarca viaje a convite de uma empresa que é um seu potencial fornecedor?
Não. Aliás, foi uma conversa que tive logo com o executivo: a aceitar o convite a Huawei nunca poderia ser fornecedora da junta de freguesia da Estrela. Estava tranquilo nessa matéria porque não tinha qualquer pretensão de assinar qualquer contrato com a Huawei. Nem a Huawei me convidou para me tentar influenciar relativamente a contratos.

No outro caso dos ajustes directos a empresas de militantes do PSD foi ouvido pela justiça?
Não. Esse é escandaloso. Durante o mandato eu geri um orçamento de 14 milhões de euros, 300 mil euros de ajustes directos representaram 5%. E estamos a falar de 2014, sobretudo, e 2015. Em 2015 e 2016 essas mesmas empresas não apresentaram propostas competitivas o suficiente e por isso não continuaram. O factor militância não era relevante.

É apoiante de Santana? Considera que é o melhor candidato para enfrentar António Costa?
Sou apoiante, sim. Há dois momentos na história da vida pública: o momento Excel e o momento de ter visão. O PSD teve uma gestão muito difícil durante o período da troika em que foi necessário andar de Excel atrás. O PSD não foi o PSD durante estes quatro anos. As pessoas não tiveram a oportunidade de assistir de facto a uma gestão do PSD do país. Neste momento, o partido não precisa de uma folha Excel a ditar o futuro mas precisa que os portugueses compreendam a essência da social-democracia portuguesa. E essa essência vem com a visão de Pedro Santana Lopes.

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