Trauteia dias a fio. Enrola novelos de melodias esquecidas, notas soltas de qualquer memória.
- Que canção é essa, Violet? - Olha-me com um sorriso infantil, entre fraldas e talcos.
- Não sei.
Violet dorme no número um. É de todos a mais alegre, inocente e carinhosa. Acontece deitar-se no chão de carícias entre as pernas. Ali passa horas.
- Levanta-me. - Diz-me no propósito de se esgueirar para o chão novamente.
Certo dia, entre ritmos e compassos, entra descalça na noite. Camisa de noite esvoaçante. E eu, na sinfonia de campainhas e luzes vermelhas, corro atrás dela por entre o bairro deserto. Trago-a por um braço. Como habitualmente pergunto-lhe:
- Quer fazer chichi? Sente-se ali na sanita.
Ela olha-me. Criança outra vez. Com um beijo na testa deixo-a sonhando, com músicas e concertos na ponta dos dedos, na cama que a acolherá por algumas horas.