Regresso à infância com audiolivros

O Audible pode resolver a nossa falta de tempo para a leitura na lufa-lufa do dia-a-dia.

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Reuters/LUCY NICHOLSON

O website The Conversation, em Outubro, publicou o artigo The enduring power of print for learning in a digital world sobre as diferentes formas de leitura preferidas pelos estudantes e as diferenças de compreensão do texto consoante era lido num ecrã ou impresso.

Embora os estudantes dissessem que preferiam a leitura digital, a compreensão daquilo que liam melhorava bastante quando a leitura era feita em papel. É verdade que, quando liam online, conseguiam ler mais rapidamente e estavam convencidos de que percebiam melhor o que estavam a ler. E parecia ser isso o que acontecia quando se tratava de identificar a principal ideia do texto, mas quando lhes faziam perguntas específicas sobre o que tinham lido, a compreensão diminuía se tivessem lido o texto num ecrã.

Por uma razão meramente prática, na minha vida de jornalista, muitas vezes a primeira versão que leio de um livro é o PDF ou ebook. É essa a versão que os editores têm disponível mais cedo e por isso, quando temos de ir entrevistar um autor, costuma ser essa a primeira aproximação que temos da obra.

Ao longo dos anos fui lendo vários ebooks no Kindle ou no Sony Reader, mas nos últimos anos o iPad passou a ser o meu companheiro de leitura, quer seja através da aplicação do Kindle, quer seja através do iBooks. Isto porque o tablet passou de facto a ser o objecto que transporto comigo, todos os dias, para onde quer que vá. Quando se está a preparar uma entrevista, a possibilidade de se sublinharem partes do texto e ter acesso rapidamente a tudo o que se sublinhou é uma ajuda.

Muitas vezes, já depois de ter lido a obra em versão digital, recebo-a impressa e tenho a oportunidade de a voltar a ler. Muitas vezes fico surpreendida com o que deixei escapar quando a li, da primeira vez, em versão digital. Podem dizer que o mesmo acontece quando se lê o mesmo livro duas vezes. É verdade, mas também é diferente.

Para aumentar a experiência de leitura, quando as obras são em inglês e gosto mesmo do livro, passei a comprar também o audiolivro. Isto desde que descobri o Audible, que está associado à Amazon. Podemos experimentar o serviço durante 30 dias e a assinatura custa cerca de 15 dólares por mês (12,7 euros). Vamos recebendo créditos mensais, que dão acesso a livros, e podemos cancelar a assinatura por tempo indeterminado e voltar a ela sempre que desejarmos (já o fiz inúmeras vezes).

Têm uma aplicação para iOs e outra para Android, o que permite ter o audiolivro sempre disponível no telemóvel, e se saltitarmos do computador, para o tablet ou para o telefone, a leitura começa exactamente no sítio onde a deixámos. Podemos saber quanto tempo vamos demorar a ouvir determinado livro e até escolher a velocidade de leitura que nos parece mais apropriada.

Um dos últimos livros que li nestas três versões, PDF, impresso e depois ouvi o audiolivro (em inglês) foi Silêncio, de Erling Kagge (Quetzal). A versão inglesa é da Penguin e é narrada pelo actor Atli Gunnarsson. Fui gostando mais do livro à medida que variava de formato. 

Outro dos livros que me deram mais prazer ouvir, durante caminhadas, foi What I Talk about when I Talk about Running, de Haruki Murakami. A leitura é feita pelo actor Ray Porter. Um livro sobre corrida ouvido em movimento é muito mais divertido do que lido deitado no sofá.

Para quem passa muito tempo enfiado dentro de um carro no trânsito, um audiolivro é uma óptima maneira de se conseguir encaixar a leitura na lufa-lufa do dia-a-dia. E todos sabemos que é relaxante adormecer a ouvir um livro, recordações da infância quando os pais nos liam livros para adormecermos. Pena que o catálogo em português da Audible seja de meter medo a um susto.

Audible

https://www.audible.com/

A rubrica Tecnologia encontra-se publicado no P2, caderno de domingo do PÚBLICO

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