Patrícia Ferreira é enfermeira chefe no Hospital Veterinário de Santa Marinha
Vivemos num século em que os animais têm direitos legais e são tratados como verdadeiros filhos pelos seus donos. E, como tal, queremos proporcionar-lhes a melhor qualidade de vida e longevidade possível. Além das visitas ao veterinário, também devem manter uma boa alimentação, que ajuda a prevenir o aparecimento de várias doenças e aumenta a esperança média de vida. Mas como é que eu sei o que é uma boa alimentação?
O primeiro passo é perceber que uma boa alimentação é rica em proteínas, hidratos de carbono, vitaminas e minerais em quantidades equilibradas e apropriadas ao cão ou gato. As necessidades variam consoante a idade, o estado fisiológico e o nível de actividade que o animal tem e todas as gamas de alimentação, vendidas em clínicas e hospitais veterinários, possuem os valores nutricionais adaptados para cada etapa de vida, ou seja, para animais jovens, adultos e seniores; fêmeas gestantes ou lactantes; animais esterilizados; animais com nível de actividade elevado; e animais com patologias.
Na consulta de acompanhamento, o médico veterinário, através de um exame físico, consegue identificar se o animal está bem nutrido ou não. E, através do Índice de Gordura Corporal (IGC), consegue identificar a distribuição de gordura e músculo no animal.
No animal, tal como no ser humano, os maus hábitos alimentares podem potenciar o aparecimento de várias doenças. No caso dos cães, as mais comuns são do foro respiratório, doenças cardíacas, diabetes, ruptura de ligamentos do joelho, artrite/displasia na anca, entre outros. Já nos gatos, surgem com mais frequência, diabetes, cálculos urinários, doença cardíaca, doença hepática, problemas ortopédicos, entre outros.
Tendo em conta o estado nutricional do teu animal, o médico ou o enfermeiro veterinário consegue elaborar um plano de alimentação adequado e baseado em factores relacionados com o animal (idade, estado fisiológico, grau de actividade física, problemas de saúde provocados por défice ou excesso de nutrientes como intolerâncias, alergias e doenças de órgãos específicos); factores relacionados com a dieta (densidade calórica do alimento em uso, outras fontes de nutrientes: petiscos, comida caseira, suplementos, alimento usado para a administração de medicamentos e brinquedos mastigáveis como os de couro bovino, e alimento contaminado ou estragado) e factores relacionados com a manipulação alimentar e o ambiente (frequência e horários das refeições, local e o método de alimentação e espaço, e a qualidade do ambiente no qual o animal vive).
Como identificar que o meu animal de estimação tem um problema de peso?
O excesso de peso do animal de estimação resume-se a um problema de matemática simples: muitas calorias ingeridas e poucas calorias gastas. A obesidade do animal de companhia é um problema muito mais complexo do que apenas identificar a causa do aumento de peso.
É necessário sensibilizar os donos e explicar-lhes de uma forma positiva e confiante que é um problema que tem um tratamento muito fácil e com resultados à vista em pouco tempo. Depois de ultrapassar a barreira da aceitação, é fácil identificar um animal com problemas de peso. Através do IGC conseguimos identificar a distribuição de gordura no corpo e a partir daí perceber qual é o nível de gravidade da situação. Habituar o dono a ter uma rotina de pesagem do seu animal de estimação, é um bom princípio para conseguir identificar o problema. A consulta de nutrição, sempre que disponível no veterinário, será a melhor ajuda.
Como fazer o controlo de peso nos animais de estimação?
Na consulta de nutrição dão toda a informação e acompanhamento necessário para que o teu animal de estimação obtenha o peso ideal. Todos os animais são únicos e devem ser tratados como tal, mesmo no controlo de peso. Primeiro, deves definir com a equipa dedicada à nutrição o peso ideal, objectivo e correcto para o teu animal de estimação. De seguida, e não menos importante, é a escolha da alimentação mais adequada às necessidades nutricionais dele.
Como é do conhecimento geral, existem diversas opções de alimentação para os nossos animais, mas só algumas é que são as aconselhadas pelos profissionais de veterinária. A principal distinção entre elas é o valor nutricional em quantidades equilibradas. Assim, o cálculo da quantidade de alimento é outro ponto essencial para que o peso ideal seja atingido com sucesso.
Conversar aberta e directamente sobre as guloseimas e biscoitos, recomendar actividade física e fazer controlos de peso regulares são outros pontos que são abordados pelos profissionais de veterinária enquanto o animal necessitar de acompanhamento nutricional.
Riscos do excesso de peso em cães e gatos
- Problemas respiratórios
- Artrite na anca
- Displasia da anca
- Doença cardíaca
- Diabetes
- Ruptura de ligamentos do joelho
- Diabetes
- Cálculos urinários
- Doença hepática
- Maior risco de cancro
- Redução da esperança de vida
Benefícios da redução de peso
- Menor impacto sobre as articulações
- Redução do esforço respiratório
- Melhoria do controlo de açúcar no sangue
- Menor risco de problemas de saúde
- Melhor mobilidade
- Melhoria da saúde urinária
- Melhoria da função hepática
- Aumento da esperança média de vida em mais de 2 anos
Com o apoio de Vânia Machado, responsável de Nutrição/Alimentação no Hospital Veterinário de Santa Marinha.
Hospital Veterinário de Santa Marinha