A Altice entrou em “modo redução de dívida”
Depois de apresentar resultados trimestrais abaixo do esperado a 2 de Novembro e de ter perdido mais de 40% em bolsa desde então, a Altice garantiu hoje aos investidores que vai reduzir dívida
Foi numa conferência da Morgan Stanley, realizada esta quarta-feira, 15 de Novembro, em Barcelona, que as principais figuras da Altice, Patrick Drahi incluído, garantiram aos investidores que a prioridade do grupo é a redução de dívida.
São cerca de 50 mil milhões de euros, um volume sobre o qual começaram a soar as campainhas de alarme depois do grupo ter apresentado no início do mês resultados trimestrais inferiores ao esperado e de ter baixado as expectativas dos investidores quanto aos resultados para o conjunto do ano.
Uma situação que se deveu essencialmente ao mercado francês (onde a Altice, que em Portugal é dona da PT, continua a perder clientes) e que ditou a saída de Michel Combes (ex-presidente executivo), anunciada na semana passada: “O principal problema em França não foi um problema de concorrência, foi um problema de gestão”, disse Patrick Drahi à audiência.
A empresa “esperava uma estabilização das receitas” no mercado francês e isso não aconteceu, reconheceu o fundador da Altice, acrescentando que os problemas operacionais da SFR foram bem identificados, mas o problema é que a implementação das medidas para lidar com eles “não foi completa”, nem feita “com a devida atenção”, acrescentou.
Drahi, que em consequência da reorganização da Altice voltou a assumir as rédeas do grupo, sublinhou que o foco da SFR tem de estar nos clientes: “Temos uma boa rede, mas se não soubermos resolver os problemas do dia-a-dia dos clientes, não os conseguimos manter felizes”.
Agora é altura de a Altice “regressar ao básico”, disse o presidente executivo do grupo, Dexter Goei. Ao lado de Dennis Okhuijsen, o administrador financeiro que é também o novo presidente da Altice Europe, Goei passou a mensagem que de que se acabaram as aquisições de empresas e de que a prioridade é reduzir o endividamento dos negócios europeus.
Dennis Okhuijsen assumiu que o objectivo passa por reduzir a dívida do grupo na Europa para um limite equivalente a quatro vezes o EBITDA (resultados antes de juros, impostos, depreciações e amortizaçõe, face ao nível em que se encontra agora, de 5,1 vezes os resultados. O gestor assumiu que além de pôr um travão em novas aquisições, a estratégia poderá passar pela venda de alguns "activos não estratégicos e pequenos negócios", como "torres de telecomunicações".