Cristas quer repetir estratégia eleitoral de Lisboa no país

CDS vai promover um ciclo de conferências subordinado ao lema Ouvir Portugal.

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Cristas quer Ouvir Portugal, depois de carmona Rodrigues a ter ajudado a Ouvir Lisboa Miguel Manso

Andar no terreno, ouvir as populações sobre os temas e abrir o partido a figuras independentes. Esta foi, em traços gerais, a estratégia da líder do CDS para Lisboa e chegou ao resultado histórico de 20,5%. Agora, Assunção Cristas acredita que pode aplicar a mesma receita no país rumo às legislativas de 2019. O partido deixará de ter o parlamento como fonte quase exclusiva de protagonismo.

O CDS vai promover um conjunto de conferências sob o lema Ouvir Portugal – à semelhança do Ouvir Lisboa que foi coordenada pelo independente Carmona Rodrigues – a primeira das sessões deve acontecer ainda em Novembro, no Porto. “Será a uma escala maior, mas com a mesma lógica: abrir o partido e ouvir questões para preparar o programa para as legislativas”, afirmou ao PÚBLICO a líder do CDS.

A sessão inaugural será dedicada aos temas em geral, ou seja, saber o que faz sentido um partido procurar ouvir do país. Só depois serão divulgados os temas das conferências – alguns já estão pensados pela direcção do partido - que deverão decorrer ao longo do próximo ano, a um ritmo de uma sessão a cada três semanas. Para coordenar as conferências Ouvir Portugal, a líder do CDS vai convidar figuras independentes tal como aconteceu em Lisboa com Carmona Rodrigues e com outras pessoas que integraram as listas para a câmara e para a assembleia municipal. Foi esse trabalho de campo – e a envolver pessoas de fora do partido - que a direcção acredita ter feito a diferença na campanha de Lisboa.

A líder do CDS estará em todas as sessões do Ouvir Portugal mas também vai reforçar os seus contactos com os militantes do partido, depois de ter estado meses concentrada na campanha autárquica de Lisboa. Nesse sentido, será promovido o dia do distrito em que Assunção Cristas poderá fazer uma visita institucional mas também contactar com os militantes e dirigentes do partido da região. A líder do CDS garante que esta iniciativa não é uma resposta a críticas por ter estado mais afastada das estruturas nos últimos meses, mas sim o “retomar de uma lógica” que já existia antes da campanha de Lisboa.

Com esta nova estratégia, o protagonismo da líder do CDS deixa de depender quase em absoluto no Parlamento, onde a bancada tem apresentado dezenas de propostas sobre vários temas mas sem conseguir passar a mensagem para os eleitores. Essa é uma falha de comunicação que é assumida entre os membros da direcção do CDS e que agora se pretende corrigir.

A líder do CDS poderá estar menos no Parlamento mas continuará a interpelar o primeiro-ministro nos debates quinzenais. “Estarei nos debates, mas estarei muito mais fora. Gosto de estar no Parlamento, porque também dou apoio aos deputados, mas agora o desafio é que eles venham para o terreno”, disse, referindo que essa experiência já aconteceu com recentes visitas às zonas afectadas pelos incêndios.  

Enquanto a estratégia de Lisboa vai sendo aplicada para o país, o CDS realizará o seu congresso, com eleições para a liderança do partido. A reunião do Conselho Nacional da passada segunda-feira consensualizou a marcação da data para 10 e 11 de Março, dois anos depois da última reunião magna em que Assunção Cristas foi eleita. A marcação foi feita já e antes de se saber a data do congresso do PSD, que acontece em Fevereiro, um mês depois das eleições directas de 13 de Janeiro.

Na última reunião da Comissão Política Nacional, que antecedeu o Conselho Nacional, a direcção do CDS abordou a formalização da Tendência Esperança em Movimento – uma corrente interna que pretende reforçar os valores da democracia-cristã - mas não houve uma decisão. Abel Matos Santos, fundador do movimento, lamenta que não tenha havido uma decisão e considera não existirem razões para o “impasse”.

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