Luxuoso, divertido, confortável e poupadinho

Pode um descapotável de 70.000 euros ser económico nos consumos e, mais divertido de conduzir, ter o conforto de um carro de capota rígida? Após muitos quilómetros percorridos, podemos responder que sim.

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Os testes que fazemos aos veículos que nos disponibilizam têm normalmente um par de dias de duração e percursos com algumas centenas de quilómetros. Desta vez, porém, tivemos o carro durante uma semana e, juntando o útil ao agradável, fizemos um passeio de 1500 quilómetros pelo Norte de Portugal e pela Galiza. A experiência não podia ser mais gratificante: o Mercedes-Benz C 250 d Cabrio soma potência, conforto e economia de consumos à diversão proporcionada por um descapotável.

Não é um desportivo puro, convidando mais, pelas suas características, a uma condução suave, a céu aberto, desfrutando a paisagem. Porém, os 204cv do motor de 2143cc a gasóleo, aliados a uma soberba caixa de nove relações, estão lá para o que for preciso. As melhores alturas do ano para tirar partido de um descapotável são a Primavera e o Outono, sem temperaturas tórridas ou chuva. Também em auto-estrada, a velocidades mais elevadas, é mais confortável viajar com a capota em cima. E, diga-se, a capota de lona do C 250 d Cabrio proporciona um excelente isolamento, tanto das vicissitudes meteorológicas como do ruído. Porém, com o tempo a ajudar, foi fora da auto-estrada, em especial em sinuosas estradas de montanha e nas deslumbrantes vias das encostas do Douro, a velocidades moderadas, que pudemos apreciar em pleno, não só a paisagem mas a suavidade de condução, a direcção directa, a resposta e a estabilidade deste descapotável com quatro confortáveis lugares.

Voltando atrás, a primeira paragem foi em Trancoso, uma jóia pouco conhecida, com as suas muralhas e o castelo e o casario em geral muito bem preservados. Um pormenor interessante: nos degraus da escada de acesso ao castelo está inscrita a história resumida deste castelo de uma cidade milenar onde D. Dinis se casou e que teve uma importante comunidade judaica. Esta deixou a sua marca e a sua história está preservada no Centro de Interpretação Judaica Isaac Cardoso, que também alberga uma sinagoga. Mesmo em frente, situa-se a recentemente inaugurada Casa do Bandarra, o sapateiro-profeta, que também merece uma visita. Mas há muito mais para ver e Trancoso, apesar de não estar na rota dos mais conhecidos destinos turísticos, é algo a não perder.

Com o espírito saciado, foi o momento de matar a fome. Repetimos uma visita ao Cantinho dos Arcos, um pequeno restaurante com ambiente acolhedor no Largo do Pelourinho e comprovámos uma vez mais a boa relação qualidade/preço. Já tínhamos experimentado o cozido de grão e agora escolhemos feijão com couve migada e enchidos — tudo de excelente qualidade. E para também alimentar o espírito, nos individuais de mesa em papel estão escritos episódios da história de Trancoso.

Depois, cruzando o Douro e adentrando-nos pela Galiza arribámos a Santiago de Compostela.

Santiago de Compostela é um bem conhecido local de peregrinação religiosa e turística. Ao contrário de Trancoso, tem uma multidão de visitantes todo o ano que enchem o centro histórico e a imponente catedral. Nas ruas que desaguam na Praza do Obradoiro (onde se encontra a catedral e o Paço de Raxoi, sede do Governo galego e do município), dezenas de restaurantes oferecem as especialidades gastronómicas locais: peixe, marisco, caldo galego, lacón con grelos (cozido galego com presunto) e polvo à feira.

Daí seguimos para Guimarães e permitam-me uma nota pessoal: tinha visitado a cidade há mais de duas décadas e notava-se abandono e decadência. Agora é o oposto: o castelo, o Paço dos Duques de Bragança, o centro histórico foram recuperados e os turistas enchem a cidade. Uma viagem no teleférico da Penha proporciona vistas inesquecíveis.

De volta ao Sul, foi o momento de apreciar o conforto proporcionado pelo Mercedes-Benz C 250 d em viagens longas. Bonito por fora e bom por dentro. A capota vermelha contrastando com o cinzento da carroçaria prende os olhares, podendo-se levantar e baixar em movimento até 50 km/h em 20 segundos — o único inconveniente é ser necessário manter o botão premido durante a operação.

Com potência necessária para tornar fáceis as recuperações e ultrapassagens, os consumos foram uma surpresa: com três pessoas e a bagageira cheia, fizemos uma média de 5,6 l/100km num percurso que incluiu cidade, estradas secundárias e de montanha e auto-estrada. Em auto-estrada, de Guimarães a Lisboa, o computador de bordo mostrava 5,1 l/100km. A mala, como a de qualquer descapotável, não é grande, mas os 285 litros (com capota recolhida) a 360 litros são suficientes para transportar a bagagem de três pessoas numa viagem longa.

O único ponto negativo é o comum a todos os veículos de marcas premium. Este descapotável, com um preço-base de 59.700€, não é um carrinho baratucho, mas a qualidade paga-se. O pior é que, para se ter o carro minimamente bem equipado, há que somar a esse valor o custo dos extras indispensáveis — no caso concreto, o preço final aumentou mais nove mil euros.

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