Google propagou informação falsa sobre o atirador de Las Vegas
A culpa foi do algoritmo: a inteligência artificial do motor de busca considerou um site de partilha de imagens anónimas como uma fonte “viável” de informação.
Informação falsa sobre o responsável do massacre de Las Vegas que vitimou pelo menos 59 pessoas esteve durante horas entre as notícias principais do Google na segunda-feira. O conteúdo – que identificava erradamente o atirador – vinha do portal 4Chan, um fórum online de partilha de imagens em que os utilizadores são frequentemente anónimos.
A Google já pediu desculpa por incluir informação errada no topo dos seus resultados. A empresa explica que o algoritmo utilizado pelo seu motor de busca detectou um aumento de actividade em torno do nome do atirador falso – possivelmente, depois de visitantes do 4Chan o começarem a pesquisar – e colocou automaticamente as páginas do fórum entre as notícias principais. O problema é que o algoritmo do Google dá privilégio a conteúdo recente, em vez de fontes com mais autoridade.
“Isto não devia ter acontecido para quaisquer pesquisas, e vamos continuar a fazer melhorias aos nossos algoritmos para prevenir que isto aconteça no futuro”, lê-se num comunicado da empresa Google sobre o assunto, depois de a equipa resolver o problema. “Em horas, a história do 4Chan foi algoritmicamente substituída por resultados relevantes.”
A empresa tecnológica ressalva que o conteúdo do 4Chan apenas surgia “num número pequeno de pesquisas” quando se procurava o nome do homem errado no Google (e não informação geral sobre o massacre). Porém, não divulga o número exacto de pessoas a pesquisá-lo.
Culpar o algoritmo tornou-se comum para grandes empresas tecnológicas. Em Setembro, o Facebook também atribuiu as culpas da criação de anúncios para anti-semitas a um algoritmo. Expressões ofensivas (por exemplo, “como queimar judeus”) apareciam como sugestões no sistema de publicidade segmentada do Facebook, porque a rede social utilizava um algoritmo para gerar opções a partir da informação no perfil dos utilizadores. Muitos incluíam as expressões preconceituosas nos campos sobre a sua educação ou emprego.
Notícias falsas sobre o massacre de Las Vegas também circularam no Facebook. Várias publicações do blogue de supremacistas brancos Alt-Right News foram publicadas na página da ferramenta Safety Check, onde os utilizadores do Facebook em Las Vegas podiam partilhar publicações a indicar que estavam em segurança.
Os episódios mostram como informação falsa pode circular rapidamente na Internet. Nas horas após as primeiras notícias do massacre – quando ainda não havia informação oficial das autoridades policiais – milhares de pessoas utilizaram o Google para tentar pesquisar informação sobre o responsável. Só mais tarde foi identificado pelas autoridades como Stephen Paddock, um residente da cidade de 64 anos, que aparentemente se suicidou poucos minutos antes da chegada da polícia ao quarto de hotel a partir de onde fez os disparos.
O nome errado do atirador divulgado pelo 4Chan foi fabricado com base em pesquisas do apelido de uma pessoa inicialmente considerada "de interesse" pelas autoridades norte-americanas.