Moradores de rua de Lisboa que iam ser despejados assinam contratos de arrendamento
Inquilinos viram os seus contratos serem renovados por cinco anos.
As 16 famílias em risco de serem despejadas de um prédio na Rua dos Lagares, em Lisboa, assinaram hoje novos contratos de arrendamento com o senhorio por cinco anos e com os valores anteriormente estipulados, anunciou a Câmara.
"O acordo que fizemos com o proprietário [no início de Agosto] implicava que as pessoas que tinham recebido as cartas de não renovação dos contratos fizessem novos contratos por cinco anos e foi isso que hoje estivemos a acompanhar", disse à agência Lusa a vereadora da Habitação do município de Lisboa, Paula Marques.
Paula Marques precisou que em causa estão os habitantes de "todas as fracções habitacionais e uma não habitacional, que é uma loja que está prestes a abrir", que assinaram "contratos por cinco anos e com os valores de renda dos contratos anteriores".
A autarca adiantou que esteve presente na ocasião para fazer "a ponte" entre os parceiros, isto é, os arrendatários e o proprietário, e assegurou que continuará a acompanhar este caso.
No início de Agosto, a Câmara de Lisboa informou que "foi travada a saída das famílias da rua dos Lagares", na freguesia de Santa Maria Maior, uma vez que o executivo chegou a entendimento com o proprietário, permitindo que as famílias fiquem nas suas casas.
Na altura, a autarquia indicou que o proprietário iria realizar obras nas infra-estruturas, na sequência de intimações feitas pelo município.
Paula Marques avançou à Lusa que "as primeiras obras têm de se iniciar até ao final deste ano", mas os trabalhos são "de vários níveis" e, por isso, têm diferentes prazos.
"Algumas [obras] são dentro das casas, e isso será coordenado com cada um dos moradores, e outras são nos espaços comuns e na cobertura, que é o que está mais degradado", adiantou.
Em causa estão 16 famílias que habitam no prédio número 25 da Rua dos Lagares, no bairro lisboeta da Mouraria, e que poderiam ter de abandonar as suas casas depois de o imóvel ter sido vendido a um investidor privado.
Por várias vezes, estes moradores pediram ajuda à Câmara e à Assembleia Municipal de Lisboa, tendo também levado a cabo diversas iniciativas (como churrascadas ou sardinhadas) para tornar o caso público.