Bitcoin cai após presidente do JP Morgan dizer que é uma "fraude"

Executivo disse que despediria qualquer pessoa a negociar com a divisa digital. Não tem sido um mês fácil para a bitcoin.

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A grande valorização da bitcoin este ano tem atraído muitos investidores Reuters/Benoit Tessier

A moeda digital bitcoin está em queda depois de ser descrita como uma “fraude” que apenas “traficantes de drogas, assassinos e criminosos” devem usar, durante uma conferência do Barclays, esta terça-feira, em Nova Iorque. As críticas vieram do presidente-executivo do banco de investimento norte-americano JPMorgan, que disse que despediria qualquer trabalhador a negociar com a divisa digital. “A ‘moeda’ não vai funcionar”, frisou o presidente Jamie Dimon durante uma apresentação. “Não podemos ter negócios em que as pessoas possam inventar uma moeda do ar e achar que quem investe nela é muito inteligente.”

O valor da moeda caiu mais de 7% depois daquelas declarações, para um valor bem abaixo do pico de cinco mil dólares que tinha atingido no final de Agosto após a introdução de tecnologia que permitia acelerar a verificação das transacções. Às 15h45 desta quarta-feira, hora de Lisboa, o preço rondava os 3788 dólares, ou 3173 euros. Mas não tem sido um mês fácil para a bitcoin: desde o começo de Setembro que já desceu 1000 dólares. 

Parte da culpa também é da China. É neste país que têm origem mais de dois terços de todas as bitcoins emitidas diariamente. Grandes armazéns com muitos computadores dedicam-se a verificar as transacções em bitcoins, através de um processo matemático, recebendo assim como recompensa novas moedas criadas pelo sistema. Mas as autoridades chinesas proibiram recentemente a angariação de financiamento através do lançamento de novas moedas digitais, usada por algumas empresas para obter financiamento de forma desregulada. A operação, conhecida como ICO (“oferta inicial de moedas”, em português) foi descrita pelo Banco Popular da China como um “método ilegal de financiamento público” que “perturba fortemente a ordem económica e financeira”. 

Esta terça-feira, a Bitkan – um dos serviços mais populares de divisas digitais na China – anunciou que vai suspender os serviços de transacções de bitcoin e bitcoin cash (uma outra divisa digital), a partir de quinta-feira. Há quem acredite que o país vai proibir conversões de divisas digitais para outras moedas em breve, porém vários serviços de troca populares no país (como a OKCoin e a BTC China) dizem não ter recebido nenhuma notificação oficial.

A entidade responsável pela regulação financeira no Reino Unido, a FCA, também criticou recentemente as operações de ICO. Esta terça-feira, a entidade alertou que quem investe em bitcoins pode vir a perder todo esse dinheiro.

A bitcoin foi criada em 2008, para ajudar as pessoas a contornar sistemas tradicionais de pagamento (como os bancos). Os defensores do sistema acreditam que é a moeda do futuro: é totalmente electrónica e pode ser enviada directamente entre países sem a monitorização de uma entidade central. Mas, apesar de ser criada há anos, a bitcoin continua a ter uma utilização de nicho: muitas instituições financeiras preocupam-se mesmo que a divisa seja apenas utilizada para lavagem de dinheiro, e ainda não foi adoptada por nenhum governo. 

“Até pode haver mercado, mas é limitado”, frisou o presidente-executivo do banco JPMorgan esta terça-feira. A falta de regulamentação leva a que seja frequentemente usada em actividades ilegais. Por exemplo, os autores do ataque informáticos como o WannaCry exigiam às vítimas um pagamento em bitcoins para que estas pudessem voltar a ter acesso aos ficheiros. Os autores do ataque informático à estação de televisão HBO também pediam um pagamento em bitcoins para não divulgarem informação secreta.

Porém, mesmo com a queda recente da bitcoin, o valor actual continua a ser 300% mais alto que no começo do ano em que andava em torno dos mil euros. 

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