É a sério ou só campanha? Porto e Gaia querem estratégia comum para a mobilidade

Autarcas e, simultaneamente, candidatos a novo mandato, querem criar grupo de trabalho para fazer diagnóstico dos problemas de mobilidade e apresentar soluções

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Porto e Gaia querem melhor mobilidade conjunta Fernando Veludo/NFACTOS

Dois presidentes de câmara de municípios vizinhos, que são simultaneamente candidatos à manutenção no lugar que ocupam, encontram-se a menos de um mês das eleições autárquicas para assinar um documento com propostas para o futuro no âmbito da mobilidade. É uma acção de campanha? Rui Moreira, o independente que lidera a Câmara do Porto, e Eduardo Vítor Rodrigues, o seu congénere socialista de Vila Nova de Gaia, preferem dizer, no documento conjunto que assinaram, esta quinta-feira, nos Paços do Concelho portuenses, que foi “um balanço” deste primeiro mandato e também a hipótese de deixar “um contributo estratégico para o futuro”.

A decisão deixada em cima da mesa pelos dois autarcas é a de criar “logo após as eleições de Outubro” uma equipa “envolvendo responsáveis técnicos de ambos os municípios” e também “especialistas idóneos e independentes, que deve, no mais curto espaço de tempo, fazer um diagnóstico e apresentar propostas para a resolução de questões de mobilidade”. E são vários os aspectos destacados no documento. O mais importante dos quais será, eventualmente, aquelas que serão as futuras linhas prioritárias do Metro do Porto.

Rui Moreira e Eduardo Vítor Rodrigues querem ver construída a ligação entre Devesas, em Gaia, e o Campo Alegre, no Porto – uma hipótese falada desde o arranque do projecto de construção de uma rede de metro no Porto – e que deverá implicar a construção de uma nova ponte entre as duas margens do Douro. Associada a esta linha, o documento conjunto destaca ainda a necessidade de se avançar com a ligação entre as praças portuenses da Galiza e do Império, passando pelo Campo Alegre.

Mas, se está no eixo de qualquer uma destas linhas, é bom que refreie o entusiasmo. Os autarcas reconheceram que tais hipóteses só poderão ser consideradas no próximo quadro comunitário de apoio, posterior a 2020. Ou seja, na melhor das hipóteses, este seria um tema para ser discutido em 2021 – precisamente o último ano do novo mandato que irá começar após as eleições de Outubro. Porquê, então, trazer este tema para cima da mesa? “O Governo está a solicitar sugestões, no âmbito de um futuro quadro comunitário de apoio”, justificou Rui Moreira, acrescentando que “é fundamental começar a trabalhar nesse sentido”. “Não podemos perder tempo”, argumentou.

Os dois autarcas admitiram que a hipotética linha deverá implicar a construção de uma nova ponte, cujos custos, segundo Eduardo Vítor Rodrigues, estão perfeitamente estabilizados: “Não mais de 30 milhões de euros, meio pilar de uma ponte sobre o Tejo”, ironizou. Mas também não quiseram avançar mais nada sobre o que gostariam de ver nascer entre as duas margens, dizendo que tudo dependerá do “projecto” que vier, eventualmente, a nascer. Seja o que for, garantiu o autarca de Gaia, será sempre e apenas com o objectivo de reflectir "uma aposta muito clara nos transportes públicos".

O grupo de trabalho, a ser constituído, terá, contudo, muito mais com que se ocupar, incluindo avaliar o potencial e implicações da entrada em funcionamento do futuro Terminal Intermodal de Campanhã ou de se conseguir – como ambos defendem, ainda que sem qualquer fumo branco por parte da tutela central – pôr um fim às portagens na CREP, desviando para aí o trânsito que hoje congestiona a Via de Cintura Interna.

Os dois municípios querem também um estudo de mobilidade centrado nas especificidades dos dois municípios e a criação de estratégias comuns para o transporte turístico ou para um projecto-piloto de transporte porta-a-porta aos cidadãos de mobilidade reduzida. A redefinição estratégica da rede da STCP e da oferta das concessões de transporte privadas são outras das medidas que os dois querem ver avançar em Outubro. Se ganharem as eleições.

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