Microsoft e Amazon põem assistentes digitais a falar uma com a outra
Há um ano que os gigantes tecnológicos estavam a trabalhar discretamente no projecto para ligar a Cortana e a Alexa, e expandir as suas capacidades.
Há cada vez mais assistentes virtuais controladas via voz a facilitar a vida das pessoas (muitas já consultam a Internet e a meteorologia, dão indicações, fazem chamadas e tocam música). É um mercado que atrai grandes empresas tecnológicas: a Apple tem a Siri, a Microsoft a Cortana, a Amazon a Alexa, o Google o Assistant e a Samsung está a trabalhar na Bixby. Todas competem para criar as assistentes mais inteligentes e naturais possíveis, mas agora a Microsoft alia-se à Amazon na corrida.
Os directores executivos das empresas, Satya Nadella e Jeff Bezos, respectivamente, querem evitar que a rivalidade entre as assistentes digitais impeça a tecnologia de evoluir. Esta quarta-feira, as empresas anunciaram uma parceria para pôr a Alexa a falar com a Cortana (e aceder a alguma das suas funcionalidades) e vice-versa. Estão a trabalhar no projecto há um ano.
“Vão existir múltiplos agentes inteligentes, com acesso a dados diferentes, que se especializam em áreas distintas. Juntos, as suas forças complementam-se e dão aos clientes uma experiência mais rica e útil”, explica Jeff Bezos, o fundador da Amazon, em comunicado.
O objectivo é que os clientes da Alexa possam aceder a capacidades que são exclusivas da Cortana (como marcar uma reunião, aceder a ferramentas Microsoft Office ou ouvir mensagens de email), e os clientes da Cortana possam utilizar a Alexa, por exemplo, para fazer compras na loja online da Amazon.
A prioridade é que ambas as assistentes estejam acessíveis a todos os consumidores em qualquer lugar e dispositivo. Actualmente, a Alexa é muito mais conhecida no mercado das colunas inteligentes – com a Amazon a controlar 70% do mercado das colunas de som que integram assistentes virtuais, segundo dados da analista eMarketer – o que pode beneficiar a Microsoft. Já a Cortana tem uma enorme integração nos computadores com sistema operativo Windows 10 (é utilizada mensalmente por cerca de 145 milhões de utilizadores deste sistema, segundo a Microsoft).
“No futuro, pode-se utilizar um computador com Windows 10, o iPhone ou um telemóvel Android para dizer ‘ei, Cortana, abre a Alexa!’, e encomendar fraldas da Amazon”, sugere o vice-presidente de engenharia da Cortana, Andrew Shuman, na apresentação do projecto.
Numa entrevista ao The New York Times sobre a história da união das assistentes digitais, os directores executivos da Amazon e da Microsoft confirmam que não falaram com a Google ou com a Apple sobre a possibilidade de uma parceria. “Espero que se inspirem com isto”, acrescenta, porém, Nadella.
A Alexa e a Cortana devem começar a falar uma com a outra antes do final do ano.