Portuguesa que sobreviveu ao incêndio da Grenfell Tower tornou-se uma das melhores alunas de Inglaterra

A jovem Inês Alves obteve a máxima classificação na prova de Química, horas depois de ter acordado com o prédio a arder.

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Reuters/STEFAN WERMUTH

Inês Alves, de 16 anos, é uma das sobreviventes que vivia na Grenfell Tower, o prédio de 24 andares em Londres que ardeu no dia 14 de Junho. Na noite em que o incêndio destruiu a sua casa e deixou a família sem nada, esta portuguesa preparava-se para um exame nacional na manhã seguinte. Horas depois de testemunhar a tragédia que matou cerca de 80 pessoas — de acordo com os números mais recentes da comissária dos bombeiros da capital britânica, Danny Cotton, citada pelo Guardian —, a estudante fez o exame de Química. Esta quinta-feira soube-se que conseguiu nota máxima.

A história é contada pela imprensa inglesa que conta como a portuguesa se destacou com nota máxima às disciplinas de Matemática, Ciência e Espanhol. Não conseguiu fazer o exame de História. Em declarações ao jornal inglês Telegraph, a jovem diz-se “aliviada por estar tudo terminado” e elogiou o apoio que recebeu da escola desde a tragédia.

As notas colocam-na entre os melhores alunos do Reino Unido, um grupo onde só chegam 3% dos estudantes. Conquistou a classificação 9, uma alteração introduzida este ano lectivo para distinguir os alunos mais brilhantes.

Antes do exame, Inês tinha dormido duas horas, e apesar de à data ter dito que acreditava que a sua prestação “não tinha sido má”, ficou surpreendida com os resultados. Conta o Guardian que, enquanto o incêndio consumia o prédio de onde ela e a família escaparam ilesos, aproveitou para estudar os apontamentos que tinha consigo, enquanto ouvia música com os auscultadores para se abstrair do cenário. A roupa que vestiu por cima do pijama, quando o pai a acordou, e os apontamentos que agarrou foram tudo o que lhe restou do incêndio.

Quando chegou à sala de exame, tentou abstrair-se do trauma dessa madrugada e concentrar-se na avaliação. “De vez em quando lembrava-me, mas tentava distrair-me com as perguntas dos exames”, tinha já dito numa entrevista ao mesmo jornal. Foi só quando terminou o exame nacional de Química que se desfez em lágrimas.

Inês vivia no 13.º andar com os pais e o irmão, Tiago, de 20 anos. Desde o incêndio, os quatro vivem num hotel.

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